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Você sabe o que era a Esquerda Festiva no Brasil?

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Bem, pelo menos espero que você saiba que existiu Ditadura Militar.
Como se comportava a Esquerda Festiva e o que pretende hoje?

Quer saber? 
Leia o Manifesto da Esquerda Festiva.
Ela está de volta!

“Durante a ditadura militar, aqueles que se atreveram a comungar das ideias esquerdistas sem estarem envolvidos diretamente com a luta armada foram logo apelidados, de maneira pejorativa, como “esquerda festiva”. Eram pessoas que, embora não tenham arriscado a vida contra o regime dos fardados, participavam da resistência e bradavam contra o governo em mesas de bar e festas, entre um gole e outro. Artistas, intelectuais, boêmios: seu “esquerdismo” de nada valia… para a direita. Como se, ora bolas, mesas de bar não fossem ótimos lugares para se discutir política.

Agora, quando se vê um ressurgimento de manifestações populares anticonservadoras nascidas nas redes sociais, o termo “esquerda festiva” volta a aparecer, à guisa de crítica, aqui e ali, para tentar ridicularizar os que vão às ruas protestar contra ou para reivindicar algo. Foi assim recentemente com os jovens que acamparam em Madri e se manifestaram em Barcelona, na Espanha, “acusados” de protestarem enquanto se divertiam. Mas que absurdo: em lugar de se imolarem em praça pública, tomam vinho!

Amarelinho/Cinelândia/Rio de Janeiro
Na verdade, a “esquerda festiva” é tudo que precisávamos no mundo pós queda do muro de Berlim. Acabaram-se os cenhos franzidos das ditaduras capitalistas ou comunistas, acabou-se a tortura e a polícia do pensamento, vivemos em democracias, podemos nos manifestar alegremente. 
A luta armada acabou, viva a luta AMADA: lutamos em favor do que acreditamos, do que queremos, do que amamos. É possível empunhar cartazes juntos, tomando cerveja, ouvindo música, comendo churrasco ou paquerando alguém pelo caminho. No hay más que endurecer.

É hora de a “esquerda festiva” (na qual me incluo) se assumir como tal, sem demérito nenhum. Por isto quero propor este manifesto com algumas das ideias surgidas até agora pelos bares da vida e esquinas virtuais. Atenção: nem todo mundo que for às manifestações convocadas pela internet tem obrigação de aderir a manifesto algum. Aliás, a esquerda festiva não obriga ninguém a nada. Mesmo porque sua regra número um é:

-É proibido proibir, claro. E patrulhar também é bem chato.

-Nossas bandeiras: liberdade, igualdade, fraternidade, tolerância, solidariedade, gentileza, generosidade, paz, amor, alegria.

-Nossas causas: lutamos pelos direitos humanos e dos animais, pela preservação do meio ambiente, pela liberdade de credo (e de não ter credo), pela descriminalização das drogas e do aborto, pela igualdade entre os gêneros, pelo respeito aos ciclistas e por mais ciclovias nas cidades, pelas energias renováveis, pela proteção à infância e à velhice. Lutamos contra as guerras, a opressão, a violência, a corrupção, a exploração, o capitalismo predatório, os regimes autoritários, a desigualdade social, a exclusão, o analfabetismo, o transporte individual, a homofobia, a xenofobia, o racismo e toda forma de preconceito.

-A esquerda festiva será convocada a se reunir em passeatas, marchas e manifestações, mas também em bicicletadas, piqueniques, raves, shows, palhaçadas, churrascos, caminhadas, escaladas, cachoeiradas, contemplações da natureza, meditações e o que mais imaginar a criatividade de seus integrantes.

-Nas manifestações será permitido paquerar, beijar, abraçar e fazer cafuné para não perder a ternura.

-A esquerda festiva não admite paredões, fuzilamentos, exílio ou prisão de dissidentes. Quem pensa diferente é só alguém que pensa diferente.
-Pessoas de todos os partidos serão bem-vindas: a esquerda festiva independe de partidos ou classe social.
-Todos os eventos serão gratuitos e sua organização, voluntária.

-Discursos (curtos) serão aceitos, mas a esquerda festiva considera que rodas de samba e batuques em geral falam mais do que mil palavras.

-A esquerda festiva não cabe em manifestos nem aceita rótulos – inclusive o de “esquerda festiva”.

Bem, à época eu não pertencia a chamada Esquerda Festiva. Até porque não tinha idade para frenquentar bares... 

Tomar porrada podia!
Mas, agora estou pensando seriamente aderir ao Manifesto.

*****
Cynara Menezes
Atuou no extinto "Jornal da Bahia", em Salvador, onde morava. Em 1989, de Brasília, atuava para diversos órgãos da imprensa. Morou dois anos na Espanha e outros dez em São Paulo, quando colaborou para a "Folha de S. Paulo", "Estadão", "Veja" e para a revista "VIP". Está de volta a Brasília há dois anos e meio, de onde escreve para a Carta Capital.

7 comentários:

Quando vi o título da postagem, tive que vir aqui. rsrs
Eu odiava ser chamada de "esquerda festiva", até porque não não me juntei à Dilma e cia. porque o cara que faria os contatos para me enviar a Cuba, se apaixonou por mim e disse que não queria me ver envolvida com perigos. Olha só. rsrs
Apesar dos pesares foi uma época boa porque a gente sentia que estava vivo (a adrenalina de poder apanhar de cacetete a qualquer instante). A juventude ajudava em muito a extravasar a revolta contra a repressão, hoje prefiro o Manifesto acima, no qual me insiro aqui e agora.
Adorei o texto e coloquei link no Expansão.
beijos

Minha querida amiga,
Que bom conhecer um pouco mais sobre você!
Na verdade, só vim descobrir a Esquerda Festiva muito tempo depois.
Com a minha mãe desaparecida e eu tendo que me esconder, não dava acompanhar nenhuma “festividade...” rsrsrsrs
Agora, porradas não faltaram...
Eu vi que colocou o link no Expansão. Fiquei muito feliz.
Beijão,
Manifesto Já! rsrsrs

Olá querido,
Se um dia vieres a Brasília, vou te levar para conhecer um lugar (Bar) chamado Ôle, Olá!
E lá assinaremos o Manifesto. Rsrsrsrs
Um brinde!
E vamos nós...

Grande Beth, claro, eu sou muito novo(???), não tenho nem idéia do que foi esta tal de "Ditadura",parece coisa pornográfica (foi??), então este negócio de esquerda e direita nunca entendi muito bem .... agora, se o negócio é uma festa no boteco ... to dentro .....

Beth querida!
Eu ainda era um bebê, mas já repudiava esta repressão e intolerância militar.
No final dos anos 70, com dezesseis anos comecei a fazer teatro no interior.
Nesta época a esquerda festiva dos grupos de teatro das grandes metrópoles já estava em ebulição!
Mas no interior querida, tínhamos que fazer arte escondida do pai!
Artista não era coisa pra mulher de família!
Quanta ignorância!
Só é bom relembrar!
Beijos

Na arma a intolerância, no cartaz a discordância!

Ps. Mesmo a chamada "esquerda festiva" era tratada à baioneta. Vide, Caetano Veloso, Chico Buarque, Betinho, Taiguara, e muitos outros artistas que foram impedidos de mostrar seus trabalhos artísticos pela intolerância de uma ditadura feroz e maldita.

Querida amiga!
Foram tempos difíceis aqueles, mas forjaram uma elite de pensadores e verdadeiros heróis!
Bela postagem.
Um grande abraço, Flora!

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