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Onde estava você?

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Países costumam ter momentos fundamentais, em que se decidem os seus destinos. Nesses momentos cada pessoa, cada força política, cada meio de comunicação, todos, revelam suas posições profundas, os interesses que defendem, de que lado estão. O golpe militar de 1964 foi esse momento decisivo na história do Brasil, quando a democracia foi questionada e finalmente derrubada e destruída por uma ditadura militar.

Daí que faz todo sentido perguntar para cada um: Onde estava você no golpe militar?

Havia dois discursos, antagônicos. Um, o da defesa da democracia e extensão das suas conquistas, com a incorporação de setores cada vez mais amplos aos seus direitos fundamentais. A favor da extensão da democratização do Brasil – da sociedade e do seu Estado.

O outro, assumido por toda a mídia, junto com os partidos de oposição e o governo dos EUA, era de que os riscos à democracia que representaria o governo de Jango, justificariam um golpe militar preventivo. Argumento típico da guerra fria, que mobilizou forças contra a democracia, promovendo golpes militares em muitos países do continente. Foi exatamente o que aconteceu no Brasil.

“Nas palavras do presidente (sic) Castello Branco proferidas na solenidade de posse há uma nítida convocação para que a obra de reconstrução se faça com a colaboração indistinta de todas as classes, das produtoras e das trabalhadoras, das armadas e das civis, das eventualmente saudosistas do antigo regime e das que se regozijaram com a sua deposição.” O ditador é tratado, no título do editorial, como: “O Presidente de todos”, pelo jornal dos otavinhos. A manchete do dia do golpe – primeiro de abril – foi: “Ademar: 6 estados sublevam-se para derrubar Goulart.” Nenhuma menção à palavra golpe, menos ainda a ditadura e à intervenção dos militares, aliados com o grande empresariado, com os partidos de oposição, com a hierarquia da Igreja Católica e com o governo dos EUA.

Nesse momento crucial da nossa história, que mudou a nossa história de forma tão radical na direção da ditadura contra a democracia, de um modelo econômico excludente contra a inclusão social, pela aliança subordinada com os EUA contra a soberania nacional – nesse momento, cada um mostrou sua cara, disse de que lado está. Do lado da democracia ou da ditadura, dos interesses nacionais ou do entreguismo, da inclusão social ou da exclusão social.

É fácil, depois que a resistência popular derrubou a ditadura, tergiversar com a palavra democracia, esconder o passado, tentar embaralhas as coisas, para buscar impedir que se recorde onde estava cada um no dia primeiro de abril. Mas tudo está consignado pela história. O editorial mencionado acima é apenas um dessa empresa e de todas as outras – à exceção da Última Hora, que por isso mesmo não sobreviveu -, de apoio e incentivo ao golpe e à instauração da ditadura militar. Que venham a publico desmentir ou se arrependerem, se consideram que cometeram o pior erro que se pode cometer, de atentado grave e reiterado á democracia.

Todos os que estivemos do lado de cá, de defesa da democracia, não temos nada a esconder, nos orgulhamos disso e seguimos coerentes com essa luta. Estávamos, no primeiro de abril, e seguimos estando, do lado da democracia, dos interesses populares e nacionais.
Emir Sader - Carta Capital

3 comentários:

Querida amiga!
Realmente o rio da Democracia permite que muitas toras rijas, inflexíveis e radicalmente conservadoras, flutuem através de doces palavras e nenhuma atitude verdadeira.
Mas a história está sendo contada, e gradualmente vão se firmando os verdadeiros democratas e desmoronando os pelegos da ditadura, alguns nem que seja por já terem morrido, outros ainda resistem, mas com o tempo carão vítimas de suas próprias armadilhas e ambiguidade.
Parabéns pelo tema!
Beijos
Os. Eu tinha oito anos na época, mas pude conhecer algumas situações tristes.

Beth, adoro ler historia. Houve um tempo que estudei as passagens politicas do Brasil, tive a sorte de pegar uma excelente apostila. O conteudo foi importante para maior compreensão da vida politica brasileira. Nesta época que mencionou, eu já estava na barriga de minha mãe, pouco antes de nascer.

Beijos

A democracia está longe de ter sido instalada realmente.
Foi instalada formalmente mas não de fato, porém o que percebo é que nesta luta para consolidá-la de forma absoluta e concreta, muitas conquistas estão aparecendo, timidamente é claro, mas elas evidenciam muitas máscaras que têm caído.
Isto já é muito bom.
Abraços

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