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Encontro do Direito com a Poesia

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Crônicas e escritos leves.

O leitor questionador pode logo perguntar. É possível o Direito encontrar-se com a Poesia? Isto não é uma contradição?
 

As leis estabelecem penas que devem ser aplicadas aos que praticam atos proibidos: sanções criminais ou sanções civis. O jurista, servidor da lei, procura estabelecer a ordem e impõe as penas previstas, quando necessárias. Já o poeta avista horizontes, luta por um mundo ideal, bem diferente do mundo real. Na busca do sonho, o poeta afronta a lei, sempre que a lei é empecilho aos avanços sociais.
 

Em muitos casos só se alcança o Direito pelo caminho da transgressão. É o que sempre se viu através da História. Os inconfidentes mineiros opuseram-se à Lei do Quinto. Graças à sua rebeldia, o Brasil conquistou a Independência.
 

É preciso distinguir transgressão violenta e transgressão pacífica. No Brasil de hoje, regido por uma Constituição cidadã, conforme epíteto criado por Ulisses Guimarães, não se pode aprovar a transgressão violenta. A transgressão pacífica, entretanto, deve ser exaltada e aplaudida de pé, como símbolo democrático.

Que são os movimentos de desobediência civil senão a transgressão pacífica e coletiva das leis? Foi este o caminho escolhido por Nelson Mandela, que nos legou esta lição: “O bravo não é quem não sente medo, mas quem vence esse medo.” Mandela sentiu medo em alguns momentos e situações. Mas superou o medo, afrontou o apartheid e transmitiu à posteridade um legado, que não pertence apenas aos seus concidadãos sul-africanos, mas à Humanidade inteira.

O conselho de Eduardo Couture é oportuno quando refletimos sobre o tema da transgressão pacífica das leis. Disse ele que o dever do jurista é lutar pelo Direito. Mas no dia em que encontrasse o Direito em conflito com a Justiça, lutasse pela Justiça.
A recomendação do professor quase octogenário que escreve este artigo, endereçada aos jovens rebeldes de hoje, que participam de passeatas ou atos em Vitória, no Espírito Santo e no Brasil, é a de que sejam transgressores pacíficos. Tenham sensibilidade para separar alhos de bugalhos. Não se deixem envolver por pessoas que ontem, hoje e amanhã souberam, sabem e saberão utilizar-se, hipocritamente, de bandeiras nobres para alcançar objetivos escusos.

***
João Baptista Herkenhoff, magistrado aposentado, é professor da Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha (ES), palestrante e escritor. Autor do livro: Filosofia do Direito (GZ Editora, Rio de Janeiro).

3 comentários:

Seria isso que todos deveriam ouvir e seguir. A sensatez e coerencia bete forte no coração dele.
Abraço

Oi Lu,
Obrigada pelo tempo dedicado ao comentário.
Abração.

Ao longo da história os poetas descreveram em versos e prosas as misérias humanas, as desigualdades sociais e muitos correm em busca de um sonho sem analisar o direito e muitos tambem souberam unir os dois como o Mandela,Mahatma Gandhi,Martin Luther King e muitos e muitos outros.A sensibilidade do sonho sem esquecer do direito (assim entendo)

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