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25 maio 2013

Querido Vagabundo

Em 1963, no dia de hoje, Fernando morreu.

Era um livre. Era de todos, e não era de ninguém.

Quando se cansava de fazer os gatos correrem pelas praças, saia para flanar pelas ruas com os seus amigos cantores e violeiros, e com eles balançava rumo à musica, tocasse onde tocasse, de festa em festa.

Nos concertos, era infaltável. Crítico de fino ouvido, sacudia o rabo se gostava do que ouvia. Se não, rosnava.

Quando foi pego pela carrocinha, uma rebelião o libertou. Quando foi atropelado por um carro, o melhor médico o atendeu, e internou-o em seu consultório.

Seus pecados carnais, cometidos em plena via pública, costumava ser castigados com pontapés que o deixavam arrebentado, e então as brigadas infantis do clube Progresso se desdobravam em cuidados intensivos.

Em sua cidade, Resistência, no Chaco argentino, existem três estátuas de Fernando.

(Os Filhos dos Dias)

2 comentários:

  1. ...estou lendo Os Filhos Dos Dias, e fiquei intrigada com este conto... não sei quem é Fernando... buscando no Google, descobri que Pessoa, havia falecido em mesma data, mas ele não pode ser, pois não é nato em Resistência... vejo uma escultura de cão... esse seria Fernando?

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  2. ...peninha que ninguém respondeu... :/

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