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09 outubro 2014

A dama que atravessou três séculos

Alice nasceu escrava, em 1686.

E escrava viveu cento e dezesseis anos.

Quando morreu, em 1802, morreu com ela uma parte da memória dos africanos na América.

Alice não sabia ler nem escrever, mas estava toda cheia de vozes que contavam e cantavam lendas vindas de longe, e também histórias vividas de perto. Algumas dessas histórias vinham dos escravos que ela ajudava a fugir.

Aos noventa anos ficou cega.

Aos cem, recuperou a visão:

- Foi Deus - disse -. Ele não podia me falhar.

Era chamada de Alice do Ferry Dunks, serviço de seu dono. Trabalhava no ferry que levava e trazia passageiros pelo rio Delaware.

Quando os passageiros, sempre brancos, debochavam daquela velhíssima, ela os deixava abandonados na outra margem do rio. Eles a chamavam aos gritos, mas não tinha jeito.

- Era surda a que havia sido cega.

*****

Como cega e surda é a casta sulista e branca do Brasil, quando se trata da ampliação dos direitos civis e sociais para todos. Por isso agridem os nordestinos e os pobres nas redes sociais.

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Os Filhos dos Dias.

5 comentários:

  1. Momentos de leitura, e muito interessante!
    Gosto muito das suas dicas e informações da história.
    Abraço

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  2. Muito legal. Mesmo sendo escrava, entrou para história e atravessou séculos.

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  3. Essa história mostra com total clareza uma coisa há muito sabida por muitos e ignorada por um número maior ainda. Sabedoria não se aprende em bancos escolares. Ali se adquire conhecimentos, ferramentas para enfrentar a vida de trabalho moderno. Sabedoria é ensinada pela vida, o dia a dia. Sabedoria é extraida de cada fato vivido, basta olhar do ângulo correto e ver o que acontece. Simples assim. Ótima notícia. Parabéns.

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  4. Oi Décio,
    O que você afirma é a mais pura verdade.
    Muitos confunde sabedoria do ensino bancário. Um grande erro.
    Obrigada pela travessia e tenha um excelente início de semana.
    Valeu!

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  5. Valeu Lu.
    E eu gosto muito de receber os seus comentários e visitas.
    Um abraço.

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