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25 setembro 2013

A fabricação de lágrima em busca da felicidade...

E o impagável prazer dos pobres.

Em 1941, o Brasil inteiro chorava a primeira radio-novela:

O creme dental Colgate apresenta...


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O drama havia sido importado de Cuba e adaptado à realidade nacional. Os personagens tinha dinheiro de sobra, mas eram infelizes. Cada vez que estavam a ponto de alcançar a felicidade, o Destino cruel punha tudo a perder. E assim se passaram quase três anos, capítulo atrás de capítulo, e nem as moscas voavam quando chegava a hora da novela.

Não havia rádios em algumas aldeias escondidas no interior do Brasil. Mas sempre havia alguém disposto a cavalgar algumas léguas, escutar o capítulo, guardar bem na memória e regressar galopando. Então o cavaleiro contava o que tinha ouvido.

E seu relato, muito mais longo que o original, convocava uma multidão de vizinhos ávidos para saborear as últimas desgraças, com esse impagável prazer dos pobres quando conseguem ter pena dos ricos.

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(Os Filhos dos Dias, Eduardo Galeano)

3 comentários:

  1. Beth, veja só que contraste triste...
    Os mais desfavorecidos, sofridos pela triste realidade da vida, se sentiam um pouquinho melhores ao acompanhar a história de ricos infelizes...

    Que coisa!!!
    Ah, querida, acabei de votar no Travessia para o TOP BLOG 2013!!
    Vai dar TRAVESSIA NA CABEÇA!!
    Beijoooooossssss!!!
    Feliz semana!!!

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  2. E ainda hoje carregamos esta mania de chorar, e sofrer na hora das novelas. Costumes dos tempos dos rádios quando eu via a minha mãe deixar o arroz queimar por causa da novela que fazia derramar rios de lágrimas.

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  3. Boa noite, amiga.
    Gente! 3 anos de novela? que criatividade, heim? Mas tá ai,novela de rádio tinha seus encantos.
    Bj
    Lúcia

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