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19 março 2014

Joaquina Lapinha e o conveniente cosmético europeu

Para negar ou esconder o seu preconceito, você pode usar maquiagem.

Mas se alma não estiver lavada, de nada adiantará a máscara.


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Joaquina Lapinha começou a atuar no Rio de Janeiro na década de 80 do século XVIII, embora tenha nascido em Minas Gerais, conforme registro de 1859 do jornal O Espelho.

Apresentou-se em várias cidades portuguesas de 1791 a 1805. A edição de 16 de janeiro de 1795 da Gazeta de Lisboa chegou a citar que "Joaquina Mara da Conceição Lapinha, natural do Brasil, onde se fizeram famosos os seus talentos musicais, que já têm sido admirados pelos melhores avaliadores desta capital". 

Em 6 de fevereiro de 1795, a mesma publicação fez uma crítica mais elogiosa ao registrar que plateias europeias teriam ficado deslumbradas com a capacidade artística da cantora lírica.

Não existem retratos ou uma imagem real conhecida da cantora, mas Joaquina Lapinha era negra e isso acrescentava mais desafios à carreira dela pelo contexto racista.


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Sua voz de soprano, capaz de dar cor a cada sílaba, havia despertado ovações no Rio de Janeiro.

Pouco depois, no final do século XVIII, Joaquina Lapinha foi a primeira cantora brasileira a conquistar a Europa.


Carl Ruders, um viajante sueco apreciador de óperas, escutou-a no ano de 1800, num teatro de Lisboa, e elogiou, entusiasmado, sua boa voz, sua figura imponente e seu grande sentimento dramático.

-Lamentavelmente, Joaquina tem a pele escura, avisou Ruders, mas, este inconveniente pode ser remediado com cosmético.

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Os Filhos dos Dias

3 comentários:

  1. Bom dia, amiga.
    Muito interessante,porque ela viveu durante o periodo da escravatura e mesmo assim conseguiu, cantar, ser reconhecida, etc..
    Beth, é cultura rsrsr
    Bjs

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  2. Verdade...
    Lucia, muito bem lembrado!
    Belo complemento.
    Valeu amiga.
    Beijo.

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  3. Fazer sucesso naquelas épocas tão dificeis, onde a cor era uma barreira somente alguem muito especial. Vivas a essa grande mulher, não sabemos do seu rosto, mas sabemos da grandeza de sua alma que com seu dom não se deixou abater.

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