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03 novembro 2014

A memória andante

No terceiro dia do ano 47 a.C., ardeu em chamas a biblioteca mais famosa da Antiguidade.

As legiões romanas invadiram o Egito, e durante uma das batalhas de Julio César contra o irmão de Cleópatra o fogo devorou a maior parte dos milhares e milhares de rolos de papiro da Biblioteca de Alexandria.

Um par de milênios depois, as legiões norte-americanas invadiram o Iraque e, durante a cruzada de George W. Bush contra o inimigo que ele mesmo inventou, virou cinza a maior parte dos milhares e milhares de livros da Biblioteca de Bagdá.

Na história da humanidade inteira, houve um e só um refúgio de livros seguro e à prova de guerras e incêndios: a biblioteca andante, uma ideia do grão-vizir da Pérsia, Abdul Kassem Ismael, no final do século X.

Homem prevenido, esse viajante incansável levava sua biblioteca consigo.

Quatrocentos camelos carregavam  cento e dezessete mil livros, numa caravana de dois quilômetros de cumprimento. Os camelos também serviam de catálogo das obras: cada grupo de calemos carregava os títulos que começavam com uma das trinta e duas letras do alfabeto persa.

*****
Los Hijos de los Días.

Um comentário:

  1. Coincidência,ontem acabei de ler um livro «A sentença de Cesar», onde algumas passagens se referiam a esse acontecimento. Tudo certo. Cumprimentos amigos

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