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15 abril 2015

Se for para nos invadir, por favor, não nos salvem

Nestes dias de abril de 1951, Mohamad Mossadegh foi eleito primeiro-ministro do Irã, por esmagadora maioria de votos.

Mossadegh tinha prometido que devolveria ao Irã o petróleo que havia sido dado de presente ao império britânico, e pôs mãos à obra.

Mas a nacionalização do petróleo podia gerar um caos propício à penetração comunista. E então o presidente Eisenhower ordenou o ataque e os Estados unidos salvaram o Irã.

Em 1953, um golpe de Estado mandou Mossadegh para a cadeia, mandou para o cemitério muitos dos seus seguidores e outorgou às empresas norte-americanas quarenta por cento do petróleo que Mossadegh havia nacionalizado.

No ano seguinte, muito longe do Irã, o mesmo Eisenhower deu outra ordem de ataque e os estados Unidos “salvaram” a Guatemala. Um golpe de estado derrubou o governo de Jacobo Arbenz, democraticamente eleito, porque ele havia expropriado as terras não cultivadas da United Fruit Company e estava gerando um caos propício à penetração comunista.

E a Guatemala continua pagando por esse favor...

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Eduardo Galeano,
Em... Los Hijos de Los Días.

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Este post já estava pronto quando tomei conhecimento da morte do Galeano.
Ele era assim: um devorador do mundo e apreciador dos bons filhos deste mesmo mundo.
As Veias da América Latina continuaram abertas até que se estanque o sangue da opressão e da dependência.

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