José Artigas viveu lutando, no lombo de um cavalinho pangaré, e dormindo debaixo das estrela.
Enquanto governou suas terras livres, teve como trono um crânio de vaca, e um poncho como único uniforme.
Com a roupa do corpo foi-se embora para o exílio, e morreu na pobreza.
Agora um enorme prócer de bronze nos contempla, montado em brioso corcel, do alto da praça mais importante do Uruguai.
Esse herói vitorioso, emperiquitado para a glória, é idêntico a todas as efígies de todos os próceres militares que o mundo venera.
*****
Minhas andanças,
Os Filhos dos Dias.
Eduardo Galeano.

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Entre e fique à vontade.
Deixe-nos o seu comentário.
Apenas respeite os princípios da Travessia que norteiam este Blog, que navega na defesa da dignidade da pessoa humana, da democracia e das diferenças, em qualquer dimensão.
Grata por seu comentário.
Volte...
Grande abraço.