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28 abril 2016

As sete janelas de quatro dos cincos sentidos.

O Ser humano, Uma obra Prima.

"No paraíso de Indra crê-se que há uma rede de pérolas, dispostas de tal forma que, ao olhar uma delas, vemos refletidas nela todas as demais".

Sir Charles Eliot


Guardamos a data do nosso aniversário.

Os que se interessam por astrologia procuram saber até mesmo a hora e os minutos em que vieram a este mundo.

De fato, não nascemos no dia em que nascemos. A data do aniversário marca apenas o dia em que nos tornamos presença, um-com-os-outros, numa qualidade de relação muito diferente daquela que precedeu o nosso natal.

Antes do parto, ali estávamos, há meses, abrigados no útero materno. perdura em nós certa nostalgia daquele espaço-tempo de pura fruição e nutrição, quando se formaram os nossos órgãos, a delicada cartilagem que se tornaria o nosso esqueleto, os membros e a cabeça que, além do cérebro, guarda sete janelas de quatro dos cincos sentidos. Terra e semente regadas a ternura.

Antes que emergisse a nossa consciência, já éramos na consciência de nossos pais. Não só no projeto, mas também ato. Não só o verbo, mas também carne, em gestos e sussurros que unem corpos e espíritos, e fazem do amor sedutora liturgia, cujos signos arranham delicadamente o silêncio, reviram a morte pelo avesso e irrompem em êxtase, trazendo, na perda de si, o encontro com o outro.

Ali brotou o nosso ser.

*****
A Obra do Artista, Frei Betto.

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