Emocionante e imperdível programa para quem quer entender as desigualdades sociais a que estamos submetidos e a força de quem luta por direitos, com um dos movimentos sociais mais importantes e atuantes da capital paulista.
O Longa retrata o cotidiano de trabalhadores brasileiros e refugiados que vivem numa das maiores ocupações do País.
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No começo deste ano, a Prefeitura de São Paulo identificou 1.320 imóveis sem função social na capital, ou seja, que não cumprem com interesses da cidade e da sociedade. São cerca de 2 milhões de m2 de casas e edifícios ociosos que não pagam impostos, estão vazios e abandonados. Esses são os estabelecimentos escolhidos pelos movimentos de trabalhadores sem teto para ocupar e transformar em moradia.
Foi o que ocorreu com o Hotel Cambridge, na Avenida 9 de Julho, uma das mais importantes vias de São Paulo, em novembro de 2012. Abandonado, com focos de dengue e acúmulo de lixo, a Frente de Luta por Moradia (FLM) ocupou o hotel, que abriga hoje 170 famílias. Gerido pelo Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC), o imóvel foi recuperado e é lar para trabalhadores brasileiros e refugiados, revelando uma rara mistura de idiomas, costumes, culturas e comidas nos corredores do prédio.
Para retratar o cotidiano dos moradores, a cineasta Eliane Caffé frequentou a ocupação ao longo de dois anos. Criou uma história de ficção (muito real) que narra a trajetória dos refugiados recém-chegados a São Paulo, que não cabem nos abrigos oferecidos pelo Estado, e seu convívio com brasileiros dos movimentos de sem teto. “Somos todos refugiados. Refugiados da falta de nossos direitos”, afirma Carmen Silva Ferreira, dirigente da FLM, que comanda o MSTC e, com dedicação, força e delicadeza, organiza a convivência no Cambridge e outros edifícios do centro da capital paulista.
São moradores do antigo hotel brasileiros migrantes da região nordeste, paulistanos que com baixos salários e não podem pagar aluguel, refugiados da Palestina, de Uganda, do Congo, da Colômbia, da Síria, entre outros países. Todos tentam escapar da guerra, da morte ou da pobreza. E buscam o sonho de ter uma casa.
O filme de Lili Caffé tem atores consagrados, como Zé Dumont e Suely Franco, e também conta com a participação dos próprios moradores e de Carmen. Retrata o cotidiano de dificuldades, ameaças de despejo, militância, romance, brincadeiras e organização social.
O longa “Era o Hotel Cambridge” é um sucesso antes mesmo de entrar em circuito: ganhou o Troféu Redentor, no Festival do Rio, de Melhor Filme e Melhor Montagem; recebeu Menção Honrosa na Mostra Horizontes Latinos, do Festival de San Sebastián em 2016, e o Prêmio da Indústria, em 2015; também foi reconhecido no Festival de Rotterdam. Agora, estreia na Mostra de Cinema de São Paulo. Emocionante e imperdível programa para quem quer entender as desigualdades sociais a que estamos submetidos e a força de quem luta por direitos, com um dos movimentos sociais mais importantes e atuantes da capital paulista.
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“Era o Hotel Cambridge” será lançado comercialmente em fevereiro de 2017 com distribuição da Vitrine Filmes.
- Dia 25/10
21h50 – no Cinearte 1
- Dia 27/10
15h – no Cinesesc
- Dia 01/11
18h10 – Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 3
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por Maria Carolina Trevisan, do JORNALISTAS LIVRES