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Uma brasileira de valor que não se rende aos encantos dos empresários

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Amanda, aquela professora do Rio Grande do Norte, recusou o prêmio dos empresários da área de educação, organização conhecida como “O Pensamento Nacional de Bases Empresariais (PNBE)”.
Coincidentemente, o nome da premiação é "Brasileiros de Valor 2011". O que o PNBE não contavam, era com a recusa de uma brasileira que realmente tem valores. Entre eles, ser coerente com os seus ideais.
Coisa muito difícil hoje em dia.
Para aqueles que acreditam que política e partidos políticos são desnecessários na construção de uma sociedade democrática e republicana, deixo aqui uma informação adicional: Amanda não age apenas por impulso ou de forma espontânea. Ela é filiada e dirigente de um partido político, o PSTU. Que significa “Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados”, uma dissidência do PT.
Vale a pena ler a justificativa da Amanda para a recusa do prêmio.

Natal, 2 de julho de 2011
Prezado júri do 19º Prêmio PNBE,Recebi comunicado notificando que este júri decidiu conferir-me o prêmio de 2011 na categoria Educador de Valor, “pela relevante posição a favor da dignidade humana e o amor a educação”. A premiação é importante reconhecimento do movimento reivindicativo dos professores, de seu papel central no processo educativo e na vida de nosso país. A dramática situação na qual se encontra hoje a escola brasileira tem acarretado uma inédita desvalorização do trabalho docente. Os salários aviltantes, as péssimas condições de trabalho, as absurdas exigências por parte das secretarias e do Ministério da Educação fazem com que seja cada vez maior o número de professores talentosos que após um curto e angustiante período de exercício da docência exonera-se em busca de melhores condições de vida e trabalho.

A minha luta é muito diferente dessas instituições, empresas e personalidades. Minha luta é igual a de milhares de professores da rede pública. É um combate pelo ensino público, gratuito e de qualidade, pela valorização do trabalho docente e para que 10% do Produto Interno Bruto seja destinado imediatamente para a educação. Os pressupostos dessa luta são diametralmente diferentes daqueles que norteiam o PNBE. Entidade empresarial fundada no final da década de 1980, esta manteve sempre seu compromisso com a economia de mercado. Assim como o movimento dos professores sou contrária à mercantilização do ensino e ao modelo empreendedorista defendido pelo PNBE. A educação não é uma mercadoria, mas um direito inalienável de todo ser humano. Ela não é uma atividade que possa ser gerenciada por meio de um modelo empresarial, mas um bem público que deve ser administrado de modo eficiente e sem perder de vista sua finalidade.
Embora exista desde 1994 esta é a primeira vez que esse prêmio é destinado a uma professora comprometida com o movimento reivindicativo de sua categoria. Evidenciando suas prioridades, esse mesmo prêmio foi antes de mim destinado à Fundação Bradesco, à Fundação Victor Civita (editora Abril), ao Canal Futura (mantido pela Rede Globo) e a empresários da educação. Em categorias diferentes também foram agraciadas com ele corporações como Banco Itaú, Embraer, Natura Cosméticos, McDonald's, Brasil Telecon e Casas Bahia, bem como a políticos tradicionais como Fernando Henrique Cardoso, Pedro Simon, Gabriel Chalita e Marina Silva.

Oponho-me à privatização da educação, às parcerias empresa-escola e às chamadas “organizações da sociedade civil de interesse público” (Oscips), utilizadas para desobrigar o Estado de seu dever para com o ensino público. Defendo que 10% do PIB seja destinado exclusivamente para instituições educacionais estatais e gratuitas. Não quero que nenhum centavo seja dirigido para organizações que se autodenominam amigas ou parceiras da escola, mas que encaram estas apenas como uma oportunidade de marketing ou, simplesmente, de negócios e desoneração fiscal.
Por essa razão, não posso aceitar esse Prêmio. Aceitá-lo significaria renunciar a tudo por que tenho lutado desde 2001, quando ingressei em uma Universidade pública, que era gradativamente privatizada, muito embora somente dez anos depois, por força da internet, a minha voz tenha sido ouvida, ecoando a voz de milhões de trabalhadores e estudantes do Brasil inteiro que hoje compartilham comigo suas angústias históricas. Prefiro, então, recusá-lo e ficar com meus ideais, ao lado de meus companheiros e longe dos empresários da educação.
Saudações,
Professora Amanda Gurgel

4 comentários:

Beth, é um prazer imenso segui-la, e uma honra ter você visitando e seguindo nosso blog.
Seu blog realmente faz jus ao nome, ele é uma travessia.
Um abraço do João.

Pessoa rara nesse mundo.Com esse relato não preciso dizer nada sobre ela,apenas que ela e raridade.

Oiee! Obrigada pelo seu comentário e pela sua visita! Eu agradeço os elogios!

Estou seguindo! Um beijo.

Valeu Beth.
Fico muito grato por inscrever o seu blogue em uma ideia que, certamente vai ajudar muitos blogueiros sérios a crescerem.

Só não posso ser injusto com os outros. Compreenda que é fundamental espalhar a ideia e como qualquer agregador a forma de fazer isso é através de links em endereços externos.

Por isso a regra da inserção dos banners é realmente necessária.

Grande abraço Amiga pelo apoio, acima de tudo.



Na próxima hora terá uma prévia da força do Mamute.
Estará recebendo dezenas de visitas de pessoas de vários países do mundo que vão conhecer o seu espaço.

:-)

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