Mas, quem de fato se importa?
O assassinato cruel e hediondo de moradores de rua é um grave sinal de que algo vai muito mal na nossa sociedade, “democrática e plural”.
Entre abril de 2011 e o dia 16 de março de 2012, houve 165 homicídios.
Pelo menos a cada dois dias, uma morte de morador de rua ocorre no país. Das investigações policiais desses casos, 113 não avançaram e ninguém foi responsabilizado pelos homicídios. Foram registrados, também, 35 tentativas de homicídio, além de vários casos de lesão corporal.
São números inaceitáveis, que revelam o crescimento da intolerância de grupos de extrema-direita e do preconceito de setores da sociedade, alimentada por visões preconceituosas e doutrinárias, recheadas de idéias que expressam deformações morais e humanas.
São casos de tortura, negligência, discriminação, violência sexual, entre muitos outros. Os Estados com maior número de denúncias em termos absolutos são São Paulo (120), Paraná (55) e Minas Gerais e Distrito Federal, ambos com 33 casos. Assusta, ainda, imaginar a quantidade de crimes que nem sequer chegam a ser denunciados e registrados.
De acordo com uma pesquisa nacional, a população de rua é predominantemente masculina (82%), e na maioria dos casos vive só (sem cônjuge, filhos ou familiares). Mais da metade (53%) está na faixa entre 25 e 44 anos, ou seja, em idade produtiva e reprodutiva.
A proporção de negros é substancialmente maior na população em situação de rua (67%), se observada no conjunto da população brasileira (50,6%) (IBGE, 2008). Ainda que a maioria declare saber ler e escrever (74%), o nível de escolaridade é baixo, sendo que 15,1% nunca estudaram, 48,4% têm o primeiro grau incompleto e apenas 3,2% completaram o segundo grau.
A população em situação de rua é composta na sua grande parte por gente que trabalho: 70,9% exercem algum tipo de atividade remunerada, a maioria situada na economia informal. Em geral, a maioria das pessoas que se encontram em situação de rua não nasceu na rua, mas foi levada a essa situação, por motivos diversos.
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República mantém um serviço que recebe denúncias sobre violações aos direitos humanos, o Disque 100, que registrou durante todo o ano passado 453 denúncias relacionadas à violência contra a população de rua.
É competência do poder público, nas três esferas, adotar medidas que visem resolver esta situação.
É obrigação do cidadão denunciar.
O anonimato é sempre preservado.