Páginas
Serviço Público: muitos querem entrar. A pergunta é... Para que mesmo?
Publicado por Beth Muniz4 comentários:
Oi Beth,
genial este seu texto!
Nunca vejo uma abordagem como a sua, o que se vê sempre são críticas duras ao serviço público quando se refere ao uso dele pelo cidadão e o enaltecimento do mesmo quando se referem ao desejo de fazer parte dos quadros funcionais da máquina.
Afinal, a coisa é boa ou ruim? Parece que para a maioria dos brasileiros a resposta a esta pergunta está diretamente ligada à posição que o sujeito ocupa, se lá dentro é ótimo, se de fora é péssimo. Ou seja a máquina pública é vista pelo ângulo do benefício pessoal e não da competência profissional o que em muito deve frustrar grandes talentos e trabalhadores que a movem, ao lado da maioria cujo interesse não passa por desempenhar um bom trabalho, mas por conseguir benefícios. Esta é uma imagem que precisa ser alterada, creio que se algum dia se conseguir alterar isto, teremos mudado todo o nosso conceito de administração do país, aí sim teremos conquistado o respeito mútuo entre cidadão e máquina administrativa. Neste campo acho que a distância ainda é muita, visto a crueza e clareza com que você descreveu as intenções dos que se habilitam às vagas. Creio que o CGU terá trabalho demais e nem sei se o fará da maneira que é necessária, sou meio descrente neste campo.
A pergunta que você faz, deveria ser feita sempre, para que mesmo? Ah é para ter mamata? Não é para oferecer bons préstimos e conduzir as coisas da maneira eficiente que você julga ser capaz de conduzir não? Não receber somente os frutos do seu desempenho como é justo em qualquer carreira, não? Então cale-se diante da mamata e da corrupção alheia desde já, desde antes de você ir lá participar dela.
As mesmas pessoas que sofrem danos com corrupção e tratamento diferenciado ao funcionalismo público com relação á qualquer outro emprego, são as que almejam estar lá fazendo aquilo que condenam, ou seja, eu concordo desde que seja para mim. Oh, mentalidade difícil de mudar esta.
De dentro pra fora errado, de fora pra dentro errado, estou sem ver solução, Beth, uma luz por favor!
Beijos
Beth,
ontem assisti uma reportagem que falava sobre vagas x candidatos. Hoje em dia é como acertar na loteria, não é mesmo?!
Beijos
É sim querida.
Ainda assim, muitos não valorizam a oportunidade.
Beijo.
Bom dia!
Então Van.
Conforme afirmei, este é um tema recorrente e de difícil abordagem porque envolve interesses corporativos de entidades sindicais de servidores, do legislativo (senadores e deputados) e o texto constitucional. Mas, nada que não se possa alterar. Parece-me que a ausência de um debate e participação da sociedade, de forma organizada e representativa, é a grande questão a ser enfrentada. Não se pode discutir democratização das relações de trabalho, melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados à população e reajustes salariais, sem um terceiro ator envolvido no processo: os usuários.
Entretanto, acredito que algumas coisas podem ser alteradas pelos três poderes, com uma legislação complementar. Para isto seria fundamental uma pressão externa.
As minhas reflexões partem do princípio de que servidor público não é servidor de governos. Mas do Estado Brasileiro.
Em minha opinião faltam algumas coisas na legislação atual, que se incluídas, poderiam dar o tom de partida:
-uma clausula de barreia e contenção mais rígida, que defina o tempo maior de permanência mínima no cargo, no primeiro ingresso, evitando assim a consolidação do rodízio e excesso de mobilidade que quase sempre não é de interesse do Estado, e sim do concurseiro profissional. Realizar concurso custa caro, mesmo com as taxas que são pagas. Sim, por que no custo dos concursos estão embutidos outros custos. E dependendo da carreira, no decorrer da segunda etapa (formação e capacitação), salários são pagos, com dinheiro público.
-um eventual segundo ingresso só poderia ocorrer após um de interstício, em relação ao primeiro.
-definição de metas institucionais escalonadas, de forma a remunerar por gradação.
-um sistema de avaliação que avalie prioritariamente metas, e não pessoas. O peso da avaliação das metas não pode ser igual ou inferior ao da avaliação individual.
-o número de cargos de livre provimento, especialmente no legislativo e judiciário, não pode ser maior que o número de cargos efetivos.
Fui dirigente sindical nacional durante muito tempo e sempre defendi estas teses. Portanto, não tenho dificuldades em defendê-las. Saí do movimento sindical quando percebi que falava apenas para alguns poucos. Ou outros não desejavam fazer o debate.
Sei lá Van...
São apenas idéias.
Para se fazer à luz... Levaremos ainda, muito tempo.
Beijão.