Mas não entre os que nela trabalham e dela necessitam.
Agora eu entendo a guerra travada durante todo o processo de votação do Código Florestal brasileiro no Congresso Nacional.
Agora eu percebo melhor a origem de todas as batalhas que sempre acabaram com pilhas de corpos de militantes, advogados, religiosos e camponeses, sem-terras, indígenas e, principalmente, dirigentes de sindicatos rurais, assassinados no campo, no Brasil.
O livro O Partido da Terra é um trabalho de jornalismo investigativo, em que foram analisadas cerca de 13 mil declarações de bens de políticos eleitos – prefeitos e vice-prefeitos, deputados e senadores, entregues à Justiça Eleitoral. Segundo o levantamento, o PSDB aparece como o primeiro no ranking entre os prefeitos e vice-prefeitos analisados com 21,5% dos hectares declarados. Já entre os parlamentares (deputados e senadores) o PMDB detém 21,1% das terras. Partido da Terra destaca ainda a questão dos conflitos agrários e do trabalho escravo no país.
Partidos
A partir das declarações de bens dos políticos, o autor conseguiu detalhar os hectares de terra de acordo com os partidos brasileiros, mesmo que nessas declarações não estejam incluídos os hectares das empresas agropecuárias, dados que podem estar defasados e também, os que não foram sonegados.
No geral, entre os prefeitos e vices quem têm mais hectares de terras são políticos do PSDB (21,5%), seguido do PMDB (19,98%), PR (13,09), PP (12,5%) e DEM (7%). No que se refere à parlamentares, o primeiro partido é o PMDB (21,1%), seguido do DEM (18,71%), PR (15,42%), PDT (10,13%) e PTB (9,48%).
Com relação aos partidos de esquerda, embora apareçam políticos proprietários de terra, a porcentagem é menor, “mas aparecem aqui e ali” diz o autor. Entre os prefeitos, o PDT está em sexto lugar e o PT em oitavo. Já entre os parlamentares, a quantia de terra nas mãos de petistas é 1,67%. O PR, que não tem tanta representação no Congresso Nacional, proporcionalmente aparece em terceiro lugar nos dois levantamentos.
Palco de conflitos
A situação, que é grave, é também praticamente desconhecida dos brasileiros do campo e da cidade, em relação às declarações de terras e informações dadas pelos políticos. Por isso não sabem, por exemplo, que deputados do Sul e Sudeste têm muita terra no Cerrado e na Amazônia.
Em São Félix do Xingu (PA), segundo maior município brasileiro em território e área de rebanho bovino, o boom de políticos. É lá onde eles mais têm terra. E exatamente em um local que é há décadas é palco de conflitos, em plena Amazônia, e com altos índices de desmatamento.
Diante deste quadro, resta uma pergunta que necessita urgentemente de reposta: O que políticos do Sul estão fazendo nesse município?
Fonte: O Partido da Terra, editora Contexto, 240 páginas, preço em torno de R$ 25,00.