Há praticamente uma unanimidade mundial segundo a qual figuras como o ex-agente de inteligência dos Estados Unidos, Edward Snowden, Julian Assange, um dos responsáveis pelo site WikiLeaks, bem como o soldado Bradley Manning, que agora prefere ser Chelsea Elizabeth, e o jornalista Glen Greenwald prestaram relevantes serviços de utilidade pública com a revelação de informações sobre ações secretas dos serviços de inteligência norte-americano.
Claro que toda regra tem exceções e estas no caso ficam por conta dos defensores de ações militares dos Estados Unidos em países que não rezem pela cartilha da indústria petrolífera e do complexo industrial militar.
Tendo em vista tudo isso e muito mais, inclusive o reconhecimento que essas figuras fortaleceram um tipo de jornalismo voltado para a defesa dos direitos humanos e da cidadania, a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), juntamente com os Sindicatos de Jornalistas do Município e do Estado do Rio de Janeiro, além do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro e o Instituto Mais Democracia, o Grupo Tortura Nunca Mais e o MST decidiram prestar homenagem aos cidadãos do mundo mencionados concedendo o Prêmio Internacional de Direitos Humanos.
Além de Snowden, Assange, Greenwald e Manning vão ser agraciados Aaron Swartz e Mordechai Vanunu. É possível que a história de alguns dos mencionados seja desconhecida do público brasileiro em função do quase total silêncio dos meios de comunicação sobre eles.
Aaron Swartz, era um ativista contra o controle da informação e da privatização do conhecimento. Ajudou a criar, entre outros, o Creative Commons, que possibilitou acesso a milhões de arquivos públicos do judiciário norte-americano, além de textos acadêmicos de bancos de dados.
Acusado de fraude eletrônica e obtenção ilegal de informações, não resistiu as pressões do sistema autoritário. O jovem de 26 anos suicidou-se no último mês de janeiro. Se fosse vivo Swartz poderia pegar a mesma pena que Bradley Manning. Não pode ser esquecido.
O sexto homenageado será Mordechai Vanunu. Este personagem, um técnico e militante israelense, revelou ter o seu país um programa nuclear que possibilita armazenar bombas atômicas. Foi sequestrado em Londres por agentes do Mossad, o serviço secreto israelenses, e condenado a 18 anos de prisão sendo 11 em regime de solitária. Mesmo solto em 2004 depois de cumprir a pena segue vigiado e está aguardando julgamento em novo processo. O sistema inventa o que quiser, pois Vanunu é persona non grata em Israel.
Os representantes das entidades que promovem a homenagem endereçam uma carta ao embaixador de Israel no Brasil, Rafael Eldad, pedindo que a representação diplomática informasse as autoridades do seu país sobre a homenagem e que fosse permitido a Vanunu vir ao Brasil. O pedido não foi sequer respondido até a elaboração desta nota. Possivelmente será impedido de viajar, o que se caracteriza como violação dos direitos humanos.
Como se trata de um considerado desafeto do establishment israelense, o caso Vanunu não aparece praticamente no noticiário. O silêncio das autoridades israelenses, como demonstra o procedimento do embaixador, é sintomático.
É importante a comunidade internacional ser informada a respeito do sofrimento que está sendo imposto por Israel a Mordechai Vanunu, que poderia pedir asilo político em qualquer país que se disponha a recebê-lo, porque não tem condições de continuar em Israel. Quem sabe o Brasil em algum momento aceite o pedido de asilo? Com a palavra o Itamaraty.
Em suma, todos os que estiverem de acordo com a homenagem aos seis cidadãos do mundo mencionados devem comparecer na solenidade de entrega do prêmio internacional de direitos humanos, a ser realizada nesta próxima sexta-feira, dia 20 de setembro, no auditório do 7o. andar da Associação Brasileira de Imprensa, na rua Araújo Porto Alegre, 71, a partir das 18 horas.
Enquanto isso, o mundo segue acompanhando com o máximo interesse as tratativas da Rússia para evitar que os Estados Unidos bombardeiem a Síria, Em um primeiro momento houve um acordo que prevê a Síria colocando suas armas químicas sob controle internacional e ainda o país subscrevendo a tratado de proliferação desse tipo de armamento.
Espera-se também que não se crie obstáculos para justificar um eventual bombardeio, que é defendido pelo complexo industrial militar e figuras como o senador republicano John McCain.
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Fonte: Direto da Redação