O não-hospital chamado San Magno
Incrível como o hospital San Magno, de Amor à Vida, é, no mínimo, eclético, moderno e por que não dizer permissivo. Afinal, é ali que acontecem todas as paqueras, pegações e roupa suja do passado lavada a céu aberto. Se não, vejamos.
Foi no San Magno, herdado do pai pelo patriarca e doublé de garanhão Cesar Khoury, que o próprio, se deixou seduzir pela secretária, que até tirar a calcinha tirou para dar ao amante que escondeu a peça erótica na gaveta da mesa de seu consultório.
Foi no San Magno também que o casal sexo-explícito Patricia e Michel fizeram amor algumas vezes na sala dos médicos, sendo flagrados pelo chefão Cesar, quase nas vias de fato. Mas nem por isso foram sequer advertidos. Cesar deu a eles "mais uma chance", até porque com um telhado de vidro do tamanho do Maracanã, como ele tem, cadê moral para coibir o que quer que seja?
E o San Magno continua servindo de palco para o amor e sexo. A enfermeira Joana se deixou seduzir pelo interesseiro servente que estava de olho na grana dela para pagar sua faculdade de medicina. Formou-se e na hora de apresentá-la aos amigos como namorada, ficou morrendo de vergonha por ela ser ser bem mais velha que ele e a ignorou. Fim do romance. No entanto, com um caráter desse, quem vai confiar nele como médico em sã consciência? Com certeza ele só será aceito onde? No San Magno, claro!
E tem muito mais. Pérsefone sofre todo o tipo de bullyng no hopsital por ser gorda, assim como o marido dela, o enfermeiro Daniel, que faz o tipo pegador gostosão. Daniel, resolveu assumir a mulher com o sobrepeso que ela levou para a vida de casada e agora quer que ela emagreça por causa da gozação dos colegas? Por favor! Ninguém toma nenhuma providência dentro do hospital para proibir o bullying , assunto que vem sido discutido mundialmente nos dias de hoje? Me engana que eu gosto!
É no San Magno também que o maior vilão da história, Felix, vai e volta para o cargo de Presidente, de acordo com as denúncias que consegue fazer às custas de um mau-caratismo que não me lembro de ter visto até então. E olha que ele foi desmoralizado publicamente por desviar verbas do hospital quando o pai era o presidente e ele o diretor administrativo.
No capítulo da quarta-feira (6), ele acabou com a ala dos carentes do hospital de um dia para o outro e imediatamente mandou retirar a placa com o nome do pai, mentor da tal ala. Ninguém sabe o que foi feito com os doentes que lá estavam internados. Como se não bastasse, argumentou na reunião da diretoria que "odeio pobre, quem mandou ser pobre".
No San Magno, pelo visto, não há ética nenhuma, existe apenas a oportunidade de se dar bem. A saúde dos pacientes que se dane, a ponto do médico Michel pedir a secretária para cancelar todas as suas consultas do dia seguinte porque ele queria uma folga para perseguir seu grande amor sexual, Patricia, que também vai tirar uma folga do departamento jurídico. De onde? Do San Magno, claro.
E tem mais. A enfermeira Ordália, cuja decepção amorosa do passado com o médico Herbert, levou-a a uma vida libertina a ponto de não saber quem é o pai de sua filha, vive ruborizada pelos corredores do San Magno toda vez que dá de cara com ele, o velho garanhão que não perdoava ninguém quando lá trabalhou na juventude.
Mas, é claro, a gente sabe que tudo não passa de ficção e existe aquela chamada liberdade poética, na qual o autor pode viajar na maionese para dar cunhos sentimentais à história de acordo com suas preferências. Mas, cá pra nós, acho que médicos e enfermeiras que trabalham em hospitais não devem estar muito felizes com o retrato pintado pelo autor sobre o que acontece no local destinado a curar pessoas e salvar vidas.
Pelo sim, pelo não, já pedi aqui em casa. Se eu ficar doente, por favor, não me internem no San Magno, onde o paciente é o que menos importa.