Não foi revelado se a atitude é causa ou sintoma do problema mental.
O cínico, é aquele que, ao sentir cheiro de flor, já procura pelo caixão.
(Mencken, o jornalista americano)
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Todo mundo conhece alguém do tipo: rabugento, mal-humorado e, principalmente, muito desconfiado. Embora até inspire certa graça, esse traço da personalidade pode ser sinal de que algo não vai bem com a saúde mental, segundo pesquisadores europeus. Ao analisar a trajetória médica de um grupo de 1,5 mil pessoas, os cientistas descobriram que, ao lado da pressão alta, do colesterol elevado e do tabagismo, o cinismo é fator de risco para a demência.
De acordo com Anna-Maija Tolppanen, psiquiatra da Universidade do Leste da Finlândia e principal autora do artigo, publicado na edição on-line da revista Neurology, esse é o primeiro estudo a fazer a associação entre cinismo e demência. Existe uma síndrome batizada com o nome do filósofo cínico Diógenes, caracterizada, entre outras coisas, pela deterioração cognitiva. Mas, nesse caso, a demência é apenas um entre diversos sintomas.
No trabalho das instituições nórdicas, os pesquisadores acharam uma ligação direta entre o excesso de desconfiança e o comprometimento das funções mentais. A médica esclarece que não é possível dizer, ainda, o que vem primeiro. Ou seja, se a atitude cínica favorece a demência ou se o excesso de desconfiança é um sintoma das perdas cognitivas.
No estudo, indivíduos finlandeses e suecos com média de idade de 71 anos passaram por testes que identificam traços de demência e responderam a questionários para avaliar o nível de cinismo. Por exemplo, eles tinham de dizer o quanto concordavam com afirmações, como “É mais seguro não confiar em ninguém”,
Baseado nesses resultados, os cientistas as classificaram como muito cínicas, moderadas ou pouco cínicas. Os testes foram repetidos ao longo de oito anos. No fim, 662 pessoas participaram do experimento completo.
Resultado, segundo a pesquisadora:
- A maior parte das pessoas mente para se dar bem.
-A maior parte das pessoas vai usar meios ilegais para obter lucros.
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Se a pesquisa fosse aplicada no Brasil, a conclusão óbvia seria: Querer levar vantagem em tudo não é prerrogativa apenas dos políticos, mas, também, de quem os elegem.
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Fonte: Correio Brasiliense.