Há 250 anos, Marx escreveu que os proletários não têm pátria, como forma generosa de expressar que, independentemente do país em que viviam, os trabalhadores eram capazes de uma solidariedade humana que superava fronteiras.
Hoje, essa afirmação serve, talvez, para definir as elites que não têm qualquer identidade com seu povo e que são capazes, até, de dar pequenos “golpes” para que seus filhos escapem à vergonha de serem “inferiores” como pensam eles que são os brasileiros.
Mães que, grávidas, vão dar à luz em Miami, apoiada em máfias médicas dirigidas por brasileiros emigrados, para que seus filhos tenham, de nascença, a cidadania norte-americana.
Que virem “Lobões” de berço, afinal.
A reportagem publicada hoje pela BBC é estarrecedora.
Não é sobre crianças que, por acaso, acabem nascendo no exterior, o que seria normal.
É sobre coisas como uma agência de traficância de cidadania chamada “Ser mamãe em Miami”.
De gente que vende e de gente que compra o direito de transformar uma criança em “miamês”, um apátrida, um cidadão flutuante que vai decidir ser é isto ou aquilo conforme lhe paguem ou ofereçam oportunidades.
Uma criança não tem pátria quando morre numa praia turca por descaso, crueldade ou indiferença de qualquer nação do mundo.
Mas quando uma criança nasce em qualquer parte do mundo por “negócios”, ah, que pena, dão-lhe um berço mais frio que aquelas areias turcas.
Porque transformam sua vida num negócio e se há algo que as vidas não devem e não podem ser é um negócio.
PS. O rostinho do menino foi preservado por este blog. Ele é um brasileirinho, igual a todos os brasileirinhos de todas as cores e de todas as rendas, igual a todas as crianças do mundo, e merece respeito."
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Fernando Brito, Tijolaço.