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MINGUADA CULTURAL em Sampa

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Virada teve shows vazios e falhas de estrutura, mas Doria diz que culpa é da chuva.

Alguns palcos não foram montados a tempo, outros foram esquecidos. Equipamentos falharam e eventos interferiram uns nos outros..

Abaixo, no centro da cidade, o palco da Rua Pedro Lessa reunia poucas pessoas no início da tarde de domingo.

São Paulo – Ignorando centenas de relatos críticos nas redes sociais, problemas técnicos e falhas de gestão – como ter esquecido de montar alguns palcos – o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou ontem  (22) que a baixa participação da população na Virada Cultural ocorrida neste final de semana foi apenas em decorrência da chuva. “No sábado, quando não houve chuva, a Virada funcionou muito bem, com bom público, com boa operação. Evidentemente, no domingo, com chuva e com frio, o público menor, absolutamente aceitável para um evento ao ar livre”, disse Doria, reafirmando sua avaliação positiva do evento, em entrevista coletiva no início da tarde.

Nas redes, no entanto, a percepção passou longe de ser positiva. Para muitas pessoas, Doria e o secretário municipal de Cultura, André Sturm, “mataram a Virada”, com a ideia de retirar os grandes shows do centro da cidade e espalhá-los na cidade. Apelidos não faltaram para desqualificar o evento deste ano, que chegou a reunir quase cinco milhões de pessoas no ano passado – ainda não há estimativa para este ano. “Furada Cultural”, “Atrasada Cultural” e “Esvaziada Cultural” foram alguns deles.

Doria e Sturm colocaram os grandes shows na Chácara do Jockey (zona oeste), no Sambódromo do Anhembi (zona norte), no Parque do Carmo (zona leste), no Autódromo de Interlagos (a chamada Viradinha, especial para crianças) e na Praça do Campo Limpo (ambos na zona sul). No centro havia tablados de até um metro de altura com shows diversos.

O prefeito sequer compareceu ao evento. Sturm, porém, disse que a ideia era mesmo ter o centro com pouca gente. "Acho que acertamos ao tirar os palcos grandes e colocar os tablados. Várias das atividades foram bem sucedidas. Tinha muita gente no Centro. Não queríamos shows com 40 mil pessoas. O Centro ficou cheio sem muitas pessoas no mesmo lugar", afirmou, em entrevista ao portal G1.

Com isso, o formato que consagrou a Virada Cultural, com ocupação do centro por pessoas de todas as regiões da cidade e da Região Metropolitana de São Paulo, desapareceu. Quem visitou a região central fez relatos de uma Virada triste, melancólica, esvaziada e, até mesmo, chata. Sequer as áreas VIPs – que Doria garantiu que não existiriam – delimitadas pelo Bradesco, que patrocinou o evento, ficaram cheias. Exceto pelos balões promocionais distribuídos pelo banco.

Para o presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, Rudifran Pompeu, o público e os artistas não se sentiram contemplados com o evento e isso levou a um descontentamento de todos os lados. “A Virada foi um fracasso porque o gestor da cultura não fez o mínimo que se deve fazer, que é justamente um diálogo com a cidade”, afirmou.

Pompeu avalia ainda o que julga ser um problema de gestão e uma forma de pensar a cidade que exclui a maioria da população. “Na verdade, se quisessem de fato engrandecer a Virada Cultural, deveriam ter mantido o que vinha dando certo e a proposta de descentralizar poderia acontecer com inúmeras ações culturais para o cidadão que desejasse ficar no seu bairro. Essa ideia da descentralização esconde um modo de pensar a cidade que essa gestão traz fortemente e certamente os pobres e os mais humildes não estão incluídos”, criticou.

Frequentadores assíduos da Virada também lamentaram a falta de organização do evento. “Já faz algumas boas edições que eu vou na Virada Cultural, vou regularmente desde 2010. Essa foi a Virada mais triste de todas. Na verdade, os estranhamentos começaram logo quando saí da estação São Bento. Poucas pessoas no Vale do Anhangabaú. Cheguei no palco 2 de Dezembro - Pregão pra assistir o show do cantor Andrei Furlan e estranhei a ausência de público. Ausência literal, viu. Quando cheguei, só tinha eu de público, as outras pessoas eram da produção”, relatou o analista de comunicação Leandro Noronha.

A vereadora Sâmia Bonfim (Psol) também criticou a primeira Virada organizada pela gestão Doria. “Tenho a impressão de que ela já foi um evento aguardado e eletrizante, mas este ano não teve o mesmo frisson. Foi desorganizada, com várias programações canceladas, esvaziada. A proposta de descentralização foi um blefe: não foram fortalecidos os espaços das periferias, mas sim esvaziados os do centro e periferia. Tudo pode ser por desorganização, incompetência ou pode ser um projeto de desmonte bem sucedido”, ponderou.

Shows
A cantora baiana Daniela Mercury fez um show quase vazio no Anhembi, após atraso de quase duas horas na abertura dos portões. O que não a impediu de se engajar no “Fora Temer”, pedindo a saída do presidente da República. Fafá de Belém, que tocaria no mesmo local, cancelou a participação por falta de público. Os Titãs, que encerraram o evento no espaço, também acabaram tocando para poucas pessoas. O local tem pouco acesso de transporte público e fica distante da estação Tietê do Metrô.

No Parque do Carmo e na Chácara do Jockey, a chuva transformou o espaço destinado aos shows em um imenso lamaçal. O cantor cearense Raimundo Fagner reclamou muito da infraestrutura de som no Parque do Carmo, chegando a chamar a organização da Virada de “produção tabajara”. Reclamação que se repetiu em outros locais.

Na zona sul, Mano Brown, vocalista dos Racionais MC’s, cancelou sua apresentação na Casa de Cultura Palhaço Carequinha, no Grajaú, porque a organização do evento não montou o palco a tempo para o show. “Essa estrutura deveria estar pronta na sexta, como combinado", escreveu o rapper nas redes sociais. No Autódromo de Interlagos, além da chuva que não deu trégua para as crianças, havia um evento de corrida de carros antigos e o barulho intenso inviabilizou que as famílias acompanhassem os shows.

No centro, as ruas nada tinham da movimentação incessante dos dias de Virada Cultural. O Metrô estava praticamente vazio. Nem mesmo a distribuição de mapas de localização foi feita de forma satisfatória. Os palcos não identificavam os shows. A ideia da gestão de fazer um circuito com os tablados revelou-se um problema, pois o som de uma apresentação interferia na outra. Na Rua São Bento, os DJ’s foram esquecidos e não havia qualquer estrutura no local quando chegaram para tocar. Os palcos não reuniam nem uma centena de pessoas.

O Parque do Ibirapuera, que recebeu atividades para crianças no ano passado, ficou de fora. Também foram excluídos os Centros Educacionais Unificados (CEU) e as Ruas Abertas, programa que libera vias da cidade para atividades de lazer. No ano passado, 26 locais receberam atividades para as crianças. Neste ano foram apenas oito locais. A participação de Casas de Cultura e Centros Culturais também diminuiu.

Além dos problemas de estrutura houve ainda uma tentativa de intimidar os artistas quanto a atos políticos no evento, que ocorreu em meio há pedidos de renúncia de Temer, devido às denúncias feitas pelo empresário Joesley Batista. Um documento com timbre do Ministério Público paulista foi distribuído nos camarins, com uma advertência. “Considerando que os eventos são integralmente custeados pelo Poder Público, deve prevalecer o princípio da impessoalidade quanto a manifestações político partidárias para benefício ou em detrimento de qualquer pessoa pública”, dizia o documento.

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(((RBA

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