Envolvidas nos compromissos profissionais e familiares é comum não saberem precisar a data em que realizaram a última mamografia, por exemplo.
Além disso, cada vez mais atuantes e ocupando cargos importantes no mercado de trabalho, as mulheres provocaram uma mudança radical no perfil dos mais variados segmentos profissionais.
Paralelamente, começaram a sofrer com diversos problemas relacionados ao estresse e à rotina cansativa de trabalho.
De acordo com o ginecologista da Paraná Clínicas, André de Paula Branco, é comum dizermos que as mulheres trabalham tanto quanto os homens, porém, essa não é uma verdade completa.
Além de enfrentarem jornadas de trabalho tão longas e cansativas quanto à dos homens, as mulheres somam outras funções que, na maioria das vezes, os homens não exercem, como, por exemplo, às tarefas de gerência e organização do lar e cuidados maternais.
"Embora a participação masculina esteja sendo cada vez mais ativa nesse contexto, a mulher é ainda a responsável por essas incumbências", reconhece o médico.
Excesso de trabalho
Assim, a soma de atividades acaba colocando as mulheres em um grupo de risco para os mais variados problemas de saúde. O excesso de trabalho acarreta em distúrbios de ordens psicológicas e orgânicas.
"Entre eles os problemas hormonais, cardiovasculares, articulares, dermatológicos, ginecológicos e psicológicos", enumera a especialista. Com efeito, o ginecologista se tornou um grande confidente das mulheres, uma vez que são os distúrbios ginecológicos que denotam, inicialmente, o desequilíbrio orgânico causado por essa rotina estafante. "Em princípio as mulheres não conseguem ou não querem relacionar suas queixas com o excesso de trabalho, porém, frequentemente procuram atendimento com queixas de fadiga, dores pelo corpo, nervosismo, depressão, falta de paciência, insônia, tristeza, choro fácil, diminuição ou ausência de desejo sexual, palpitações e alterações intestinais e urinárias", enumera Branco.
Como se não bastassem os distúrbios gerados pelo excesso de atividades, as mulheres convivem, também, com etapas distintas de seu desenvolvimento psico-orgânico.
No período menstrual, sofrem com as cólicas, retenções de líquido, alterações do fluxo de sangue e irritabilidade. Durante a gestação, enfrentam uma sobrecarga emocional e não toleram atividades muito cansativas ou muito estressantes.
Já na menopausa, padecem com as ondas de calor, instabilidade das emoções, dores pelo corpo e incapacidade de repor suas energias com um sono de boa qualidade.
Fórmula mágica
Para a psicóloga Patrícia Olivo Poiani, especialista em terapia cognitivo comportamental, as mulheres que buscam o sucesso profissional, assumindo mais responsabilidades fora de casa, têm por objetivo conquistar o reconhecimento e valorização pessoal, muitas vezes não encontrada no ambiente familiar.
Apesar desses ideais, na maioria das vezes, o excesso de trabalho não interfere, necessariamente, no relacionamento familiar.
"A mulher com mais responsabilidades desenvolve melhor sua habilidade pessoal de desempenhar com sucesso as tarefas e resoluções de conflitos, tornando importante a qualidade do tempo acompanhada pela família e não apenas a quantidade", frisa a terapeuta.
Dessa maneira, o excesso de atividades acaba interferindo diretamente para que as mulheres não supram suas necessidades pessoais, acarretando, em muitos casos, na diminuição da autoestima.
O tempo que a mulher dedica para cuidar de si mesma interfere positivamente em sua qualidade de vida e no desempenho das atividades exercidas. Nesse contexto, o trabalho e a família são extremamente importantes, mas as mulheres devem arrumar um tempinho, por exemplo, para as atividades de lazer, atividades físicas e cuidados com a aparência.
O ginecologista André Branco acredita que a "fórmula mágica" para que as mulheres levem uma vida tranquila e sem sustos deve passar irrestritamente pelo respeito a si mesma e, principalmente, pela conscientização de sua família quanto ao importante papel da mulher na sociedade.
"Elas devem continuar desempenhando suas funções no mercado de trabalho, como fazem cada vez mais e melhor, porém, não devem desrespeitar um organismo tão delicado como o corpo feminino", alerta.
Trabalho sem exageros, divisão das tarefas do lar, tempo para o lazer, atividade física e um acompanhamento ginecológico levado a sério, para o especialista, ajuda a diminuir os riscos de doenças ou outros problemas de saúde.
Fugindo da doença
* Mesmo com o ritmo de trabalho acelerado, não deixe de lado uma boa alimentação
* Consuma alimentos nutritivos e balanceados
* Controle o consumo de alimentos supersaturados, como carboidratos e gorduras, pois eles só aceleram o desgaste orgânico
* A mulher que não se alimenta direito tem mais chances de sofrer com doenças como anemia; dislipidemias; diabetes e hipertensão arterial; distúrbios menstruais; e desordens cardíacas
* Pratique atividades físicas
* Viva feliz ao lado de sua família e compartilhe seu sucesso profissional com todos.
É hora do check-up
Existe uma série de exames que são importantes para a saúde da mulher. "Realizá-los periodicamente ajudará a prevenir ou identificar precocemente diversas doenças, inclusive câncer", esclarece a ginecologista e obstetra Helena Maria Amorim.
"Por meio das consultas periódicas, a prevenção e os tratamentos se tornarão ainda mais eficazes", garante a médica. Abaixo, alguns exames para que elas não sejam pegas de surpresa.
Exames ginecológicos - Esses exames são indicados para mulheres a partir dos 18 anos, ou antes, se já mantiverem relações sexuais; mulheres que são ou foram sexualmente ativas, inclusive as idosas; e mulheres que estão entrando na menopausa.
A mulher deve fazer testes laboratoriais para prevenção e tratamento das doenças, transmitidas durante a relação sexual (clamídia, herpes genital, gonorréia, sífilis, hepatite B e aids).
Auto-exame da mama e mamografia - Se notar nódulos ou se houver secreção ao apertar os mamilos, deve procurar imediatamente o médico. A mamografia é o exame mais indicado para detectar câncer de mama. Normalmente é recomendada a partir dos 35 anos. A partir dos 40 anos, a mulher deve fazê-lo a cada dois anos. Depois dos cinqüenta, anualmente.
Pressão arterial - A hipertensão é uma doença silenciosa e um dos principais fatores que levam às doenças cardiovasculares. A preocupação com a pressão arterial deve começar a partir dos 30 anos de idade. mulheres acima do peso e com história familiar de pressão alta não devem se descuidar.
Colesterol e triglicérides - Exames de sangue ajudam a revelar algum problema nas artérias coronárias. A partir dos 40 anos, os cuidados devem ser redobrados e as consultas médicas, mais freqüentes, pois as taxas podem aumentar abruptamente, trazendo sérias conseqüências.
Coração - mulheres com história familiar de doenças cardíacas, pressão alta, obesas ou sedentárias devem seguir as orientações dos cardiologistas. Testes mais específicos, como eletrocardiograma, testes de esforço, rastreamento nuclear ou angiocoronariografia podem ser necessários.
Diabetes - mulheres hipertensas, com colesterol alto, assim como as que estão acima do peso, devem procurar o médico e solicitar exame de glicemia para medir a taxa de açúcar no sangue. Dos 30 anos em diante, esses exames devem ser feitos a cada três anos.
Densitometria óssea - Um exame simples e indolor, que detecta o nível de descalcificação dos ossos, permitindo ao médico estabilizar a perda óssea, por meio de medicamentos. Deve ser feito a partir dos 40 anos".
Fonte: O Estado do Paraná