Cordelia Fine, uma psicóloga escritora, em seu novo livro, Delusions of Gender, mostra que essas "diferenças" de gênero não resistem a um exame mais profundo. Com toda uma parte dedicada ao neurosexismo, o livro fala sobre a sensibilidade da nossa espécie ao estereótipos de gênero e como as crianças são imediatamente, desde a mais tenra infância, saturadas com informações sobre a divisão social de gênero, a mais importante na nossa sociedade.
Numa entrevista muito interessante, a autora diz que há muito mais interesse em achar diferenças no "hardware", ou seja no cérebro, do que reconhecer que as diferenças são resultados da nossa sociedade. Assim, ficamos com a impressão que a situação que vivemos é natural, desejável e inevitável. Não é o que Cordelia acha...
O neurosexismo e o determinismo genético contribuem para manter tudo como está, forçando um conforto que na realidade não existe. Como se não houvesse mais o que fazer... se as diferenças estão nos cérebros, só nos restaria, aceitá-las. Mas, como questiona o livro, será que é realmente assim?
Por Nurit Bensusan
Bióloga. Divide seu tempo trabalhando com a conservação da biodiversidade e refletindo sobre meio ambiente, ciência e tecnologia .
Foto: Do artigo da autora.