A pressão internacional levou a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República a se tornar uma das principais parceiras do programa Justiça Plena. Em 2011, para atender demandas de tribunais internacionais, a Secretaria solicitou uma investigação da Corregedoria Nacional para apurar responsabilidades pela demora no julgamento do processo de Maria da Penha.
Páginas
Que venham mais Elianas, estamos necessitados!
Publicado por Beth Muniz
1
Processos de grande repercussão, como o caso Ceci Cunha, têm manchado a imagem do Brasil por causa da lentidão da Justiça. O assassinato da deputada Ceci Cunha e de seus familiares, por exemplo, ocorreu em 1998, mas só agora os suspeitos foram julgados e condenados. Para apressar julgamento de casos como estes, a Corregedoria Nacional de Justiça instituiu o programa Justiça Plena que já acompanha o andamento de 70 processos.
Para a imagem do Brasil, isso é de importância fundamental”, afirma a ministra Eliana Calmon, corregedora Nacional de Justiça. Frequentemente, o Brasil é condenado em cortes internacionais de direitos humanos por causa desses casos de violência. “O Brasil tem a imagem ruim pelo atraso da Justiça, e da demora na solução dos processos”, explica a ministra. O processo da Maria da Penha (vítima do marido em duas tentativas de homicídio) foi resolvido por interferência de um tribunal internacional.
A pressão internacional levou a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República a se tornar uma das principais parceiras do programa Justiça Plena. Em 2011, para atender demandas de tribunais internacionais, a Secretaria solicitou uma investigação da Corregedoria Nacional para apurar responsabilidades pela demora no julgamento do processo de Maria da Penha.
Conclusão da investigação: não há responsável, a não ser a legislação. É a burocracia do processo brasileiro que faz o atraso”, explica Eliana Calmon.
Os advogados de defesa “de quem não tem defesa” aproveitam os entraves burocráticos e o excesso de recursos legais para atrasar o andamento do processo.
Os embargos de declaração, por exemplo, são usados como manobra procrastinatória. Com esse recurso, o advogado segura o andamento do processo por dois ou três anos. Outro problema são os incidentes criados no curso do processo. “O advogado argue a suspeição do magistrado que está conduzindo o processo e, com isso, paralisa o processo até que seja julgado o incidente”, exemplifica.
A ministra Eliana Calmon conta o caso de um processo que ficou sete anos paralisado, porque havia a dúvida se a competência para julgá-lo era da Justiça militar ou da Justiça comum. “Foram sete anos discutindo só isso”. O processo só retomou o curso normal com a entrada da Corregedoria.
Diante das informações da ministra Eliana Calmon visitei ontem vários sites de sindicatos de servidores e magistratura, e não encontrei em nenhum referência sobre o programa Justiça Plena.
Em compensação, encontrei referências sobre reajuste salarial e aumento de benefícios, como por exemplo, o pagamento do adiantamento de férias de 50%, enquanto a Constituíção prevê para os demais trabalhadores apenas 30% (Art. 7º, XVII).
Isso é que é defender a Justiça Plena, para alguns.
Que venham mais Elianas, estamos necessitados!
1 Comentário:
Mulheres do tipo Eliana Calmon não comuns, infelizmente. Homens com a mesma têmpera, então, já desapareceram da face da Terra há muito tempo. Infelizmente, a quadrilha de corruptos que assola os Três Poderes do país (e não me refiro a partidos ou bandeiras, mas à corrupção em geral) vai fazer de tudo para calar sua voz e frear seu ímpeto pela moral, pela legalidade, pelo cumprimento da lei, ao menos até setembro, quando ela deverá deixar o cargo de Corregedora Nacional de Justiça. Uma pena!