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Onze mulheres incríveis do carnaval carioca: Histórias de porta-bandeiras
Publicado por Beth Muniz
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Coletânea conta enredos dos anônimos do Carnaval
Em 1982, a Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro foi protagonista de transformações significativas para a história do samba. Começando com a eleição de Rita Freitas, que se tornou a primeira porta-bandeira branca da escola carioca. Assim que assumiu o posto, a passista tratou de alterar o formato padrão de dança das porta-bandeiras.
Rita tirou o braço esquerdo da cintura, onde ele permanecia fixo durante a apresentação, para colocar um toque de charme ao bailado. A ousadia da passista não parou por aí: ela ainda introduziu o treinamento na preparação das porta-bandeiras, atravessando madrugadas na repetição incansável dos movimentos, que incluía sutis passos de jazz.
Rita é uma das onze porta-bandeiras que agora têm suas histórias registradas no livro "Onze mulheres incríveis do carnaval carioca - Histórias de porta-bandeiras", do jornalista carioca Aydano André Motta.
O livro faz parte da coleção Cadernos de Samba, que também apresenta os títulos "Explode, Coração - Histórias do Salgueiro", escrito pelo jornalista Leonardo Bruno, e "Estrela que me faz Sonhar - Histórias da Mocidade", de Bárbara Pereira.
O lançamento dos três novos títulos da coletânea aconteceu dia 26/11, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, no Rio. "O projeto busca celebrar os protagonistas da maior festa popular brasileira. Falar das escolas de samba com seus incríveis personagens e sublinhar a sua importância como alicerce de uma das melhores facetas do Brasil, que a mistura que nos define como povo", ressalta Aydano.
Organizador do projeto, Aydano André Motta faz uma homenagem às mulheres que guardam o mais importante símbolo da escola: o pavilhão. Em "Onze mulheres incríveis do carnaval carioca", a vida e a arte dessas grandes personagens são contadas a partir de longas conversas e minuciosa pesquisa. O autor passeia por todos os períodos da festa, de Dodô, porta-bandeira do primeiro título da Portela, em 1935, à Marcella Alves, talento emergente que foi a primeira não nascida no morro a conduzir o pavilhão verde e rosa da Mangueira.
Com o projeto colocado em prática e três títulos lançados no ano passado, Aydano convidou os também jornalistas Leonardo Bruno e Bárbara Pereira para escrever sobre histórias do Salgueiro e Mocidade, respectivamente. Em "Explode, Coração - Histórias do Salgueiro", Leonardo Bruno conta a trajetória da escola que rompeu com a ciranda de enredos baseados na história oficial, da elite, e abriu espaço à celebração de heróis da cultura afrobrasileira. "Não conto como o Salgueiro foi fundado e quantas vezes a escola foi campeã. Falo sobre as pessoas que fizeram a história: líderes, poetas, dançarinos. O livro é feito por bons personagens e boas histórias", afirma Leonardo. Já em "Estrela que me faz sonhar - Histórias da Mocidade", Bárbara Pereira relata, pela primeira vez, a história da escola que é filha da nova ordem estética - nascida no Salgueiro -, que se transformou num emblema visual do carnaval contemporâneo.
Para Aydano, mesmo com tantos anos de história ainda há um grande preconceito quando o assunto é carnaval. "Tenho amigos que não entendem o fato de eu frequentar uma quadra de escola de samba. A gente foi vendo, então, que tem um monte de mitos para derrubar e muita coisa para contar. Vários artistas deveriam ser celebrados como as grandes estrelas da nossa cultura e não são", afirma.
Onde Conferir
Verso Brasil Editora. Cada título custa R$32,50. A caixa com as seis obras da coleção sai por R$150.
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Brasil Econômico
1 Comentário:
É verdade Beth, muitos ainda discriminam o fato de alguém frequentar um barracão das escolas de samba para ensaiar e ver o quanto é lindo o esforço de todos para fazer um carnaval envolvente e vitorioso!
Eu fui uma vez na Unidos de Jucutuquara,uma escola tradicional aqui de Vitória mesmo. É claro que em comparação com as do Rio, é pequenina: mas faz um estrondo de samba na quadra e arrebenta no sambão do povo!
Vou indicar este livro para a porta-bandeira da escola! Ela defenderá o pavilhão com muito mais fervor ao ler o trabalho desenvolvido pelas maiores artistas deste segmento!!
Obrigada Beth e feliz dia do samba!!
Beijos!!!