E como disse o Fidel em seu histórico discurso antes de ser preso, e antes da tomada de Sierra Maestra, “A História me absolverá!”.
E absolveu.
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Num pronunciamento, Obama anunciou medidas para normalizar as relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba mais de 50 anos depois da ruptura.
Parte do acordo incluiu uma troca de prisioneiros: os cubanos libertaram Alan Gross, preso há cinco anos por espionagem, e um agente cujo nome não foi revelado. Os americanos soltaram três cubanos.
“O isolamento não funcionou”, disse Obama. “Está na hora de uma nova abordagem”.
O embargo econômico continua, mas haverá um esforço no sentido de amenizá-lo. Os EUA restabelecerão uma embaixada em Havana. Viagens de americanos serão “flexibilizadas”, o limite de dinheiro enviado sobe de 500 para 2 mil dólares, empresas de telecomunicações poderão se instalar na ilha. Será revisto o status de Cuba como “estado patrocinador do terrorismo”.
De acordo com o New York Times, foi um movimento corajoso de Obama. “Muito provavelmente, a história vai provar que ele tinha razão”, lê-se num editorial intitulado “Um Novo Começo”. Como dizia Solozo, de “O Poderoso Chefão”: “Nada pessoal. É apenas bíziness”.
Mas a reaproximação deixa com a brocha na mão milhares de idiotas. É mais ou menos como o estádio num show de Paul McCartney descobrir que o refrão de “Hey Jude” era dedicado a Hitler. Qual o sentido em cantar?
O “Vai pra Cuba” foi consagrado como o xingamento máximo de reacionários cabeça oca, o apelo ao degredo mais asqueroso, o inferno, o oposto de Miami. Mas como soltar esse berro da garganta agora que o companheiro Obama, o líder da maior nação do mundo livre, comete esse ato de traição?
Aécio, mesmo, pegou carona na onda. Atacou, por exemplo, o porto de Mariel nas eleições. “O seu governo optou por financiar a construção de um porto em Cuba, gastando R$ 2 bilhões do dinheiro brasileiro, enquanto os nossos portos estão aí esperando”, disse a Dilma num debate.
Aécio sabe que seu anticubanismo é papagaiada. Sua irmã Andrea esteve em Havana algumas vezes e registrou sua felicidade em seu blog, misteriosamente retirado do ar depois que foi notícia no DCM. Mas o que valia para Aécio, naquele momento, era agradar aos bolsonaros e denunciar a ditadura socialista do PT.
Cuba se aproximou de Miami. Logo mais surge uma ponte feita pela Odebrecht. O mundo real deu uma rasteira na paranoia.
Agora: haverá um período de luto até que a ficha caia. O “Vai pra Cuba” deve prosseguir por algum tempo no coração de acéfalos inconformados. Os comentários nos portais são uma aula sobre a ausência de limites da estupidez.
Enfim, Cuba Libre!