A foto, não é o que parece. Não foram felizes para sempre, não era um casal mostrando ao mundo o fruto adormecido de seu amor.
Mas é um retrato que vale uma reflexão. É o príncipe Charles, como vocês devem ter notado. A mulher, a mãe do bebê, é Dale ‘Kanga Tryon. Era uma herdeira australiana que ingressou no círculo real britânico.
Amou, não foi amada e se danou.
Seu drama poderia ser simplificado assim: Kanga vem de Canguru, e apelido, ganho na turma do príncipe, deriva de ela ter nascido na Austrália. Você vê nesta foto o quanto ela era apaixonada por Charles. Mas ele amava outra, Camila Bowles, a quem um dia escreveria a carta mais libidinosa da história moderna da realeza britânica. Nela, dizia que gostaria de ser o tampax de Camila, uma plebéia que devia ser extremamente fogosa na cama.
Charles, por questões de títulos de nobreza, não casou com Camila, mas com Diana, aristocrática e sem sal. Deu no que deu. Continuou a frequentar a cama de Camila, que casou com um outro. Diana, em certo momento, também começou a pescar fora do território familiar.
Para a Kanga, que também se casou com outro homem, o pai do filho da foto, sobrou uma migalha. Charles disse que nenhuma mulher o entendera tão bem na vida.
Kanga, até a morte prematura, fatalmente amargurada antes dos 50, tinha um problema comum: entendia, mas não satisfazia.
Foi vítima de um paradoxo cruel como um cossaco russo: homens e mulheres preferem quem satisfaça a quem os entenda. O gozo carnal se impõe à comunhão espiritual. Se há duas portas, uma que leva a uma mulher da estatura moral da Madre Tereza e outra a alguém com as possibilidades oferecidas por Miley Cirus, sabemos muito bem qual será a opção.
Pobre Kanga.
Amou, não foi amada, se danou.
E não foram felizes para sempre
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O cubano Fabio Hernandez é, em sua autodefinição, um "escritor barato.