Anistia Internacional estreia mostra multimídia sobre segurança pública e violência contra a juventude em São Paulo
O espaço Matilha Cultural em São Paulo será a segunda casa da Anistia Internacional no Brasil durante os meses de setembro e outubro. A organização, que tem sede no Rio de Janeiro, ocupará a Matilha Cultural, no centro da capital paulista, com a mostra “Setembro Verde: Jovem Negro Vivo” a partir do dia 22. Com exposição visual, ciclo de debates e programação de cinema, a iniciativa gratuita vai promover a campanha na maior cidade do país para romper com a indiferença da sociedade a respeito dos altos índices de homicídios, em especial entre os jovens negros.
De acordo com o Mapa da Violência 2012, dos 56 mil assassinatos registrados no país, 30 mil são de jovens entre 15 e 29 anos. Destes, 77% são negros.
Para aprofundar o debate, a Anistia Internacional lançou no início de agosto uma pesquisa sobre a homicídios cometidos pela Polícia Militar, em especial no Rio de Janeiro. Nos últimos cinco anos, homicídios decorrentes de intervenção policial corresponderam em média a 16% do total de assassinatos na capital fluminense.
A mobilização pela campanha Jovem Negro Vivo em São Paulo acontece em meio às investigações sobre o envolvimento de policiais militares na chacina que vitimou 19 pessoas em Osasco no mês passado, e em um contexto de aumento das mortes praticadas por policiais no Estado. De acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, o número de pessoas mortas por policiais em serviço no estado aumentou 105% entre 2013 e 2014, saltando de 346 para 708 óbitos. Somente no primeiro semestre de 2015, foram 358 pessoas mortas pela polícia, um aumento de 9,8% comparado ao mesmo período de 2014.
“A crença de que vivemos uma ‘guerra às drogas’ e que matar ‘traficantes’ faz parte desse combate tem sido usada como justificativa para uma polícia que faz uso excessivo, desnecessário e arbitrário da força, com frequência inaceitável da força letal. Nessa dinâmica, o grupo social mais atingido é o de jovens negros moradores de favelas e periferias”, alerta Atila Roque, Diretor Executivo da Anistia Internacional. “A política de segurança pública não deve ser incompatível com o respeito à vida”.
Entre os parceiros da ocupação Jovem Negro Vivo na Matilha Cultural estão organizações e movimentos que atuam na agenda de segurança pública e juventude como Mães de Maio, Ação Educativa, Conectas, Instituto Sou da Paz e Justiça Global.
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