Museu da Pessoa foi criado em 1991 pela historiadora Karen Worcman e possui 72 mil fotos e documentos digitalizados.
São Paulo – Com o objetivo de registrar e preservar a história de vida de qualquer pessoa da sociedade, o Museu da Pessoa já recolheu 17 mil depoimentos. O espaço virtual é aberto a quem tem o interesse de guardar ou compartilhar suas experiências vividas. Durante 23 anos, o museu acumula 72 mil fotos e documentos digitalizados.
Em entrevista à repórter Vanessa Nakasato, da TVT, o coordenador e historiador do museu, Lucas Lara, conta que é possível encontrar histórias de todo tipo de gente no acervo. “Tem presidentes da república, cônsul, donas de casa, cozinheiro, sapateiro, estudantes, idosos, todos.”
Lucas explica que o museu foi criado em 1991 pela historiadora Karen Worcman. “Ela fez um mestrado que utilizava a metodologia de história oral com judeus que chegavam ao Rio de Janeiro. A partir desse trabalho, ela percebeu o impacto que as histórias de vida das pessoas tinham para transformar outras pessoas.”
Além de colher histórias, o Museu da Pessoa também realizou 250 projetos de memória. O reconhecimento veio através de 19 prêmios, além de servir de inspiração para a construção de museus em Portugal, Estados Unidos e Canadá.
Após registrar sua memória no museu, o jornalista Mouzar Benedito diz que nunca pensou em contar sua história a ninguém, mas mudou de ideia após conhecer o Museu da Pessoa. “Quando lemos um livro de história, vemos que o historiador não tinha como ter acesso ao cotidiano das pessoas, como o museu dá esse espaço para as pessoas normais. Não é uma história exemplar para seguir de modelo, mas juntando com o depoimento de outras pessoas dá para ter uma noção de como era a vida em outros períodos.”
O coordenador do projeto conta que o espaço não serve apenas para armazenar memórias, mas de lá também são retiradas muitas histórias. “O museu é bastante utilizado por escritores e roteiristas, que recorrem às pessoas para construir personagens.”
Após colher histórias por cinco anos, Lucas conta uma que marcou sua vida. "Tem uma história do escritor Luis Mendes que me marcou muito. Ele conta que foi preso, e na prisão aprendeu a ler e pegou o gosto pela literatura. Ele estava em uma solitária e um outro presidiário lia “Os miseráveis” para ele através da tubulação da privada.”
Almir Ramos, ex-presidente da ONG AFS Brasil, participou do projeto e dividiu suas experiências como parte da comemoração dos 60 anos da organização. “Não tem como dissociar a história de um organização sem a história de vida das pessoas. Então, contar histórias, revisitar os momentos marcantes gera um pouco de desconforto, porque você chora, se emociona, mas é gratificante.”
A pessoa que tiver interesse em registrar sua história no Museu da Pessoa deve acessar o site.
*****
Fonte: RBA)))