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“Schadenfreude”: Muito ajuda quem não atrapalha

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É preciso adotar uma postura empática e solidária, para que, caso não consigamos ajudar, também não atrapalhemos, tampouco alimentemos a maldade.

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“Schadenfreude” é uma palavra da língua alemã que designa um sentimento de alegria ou satisfação perante o dano ou infortúnio do outro, ou seja, trata-se do prazer que se sente com a infelicidade alheia. Em maior ou menor grau, todos somos atraídos por acontecimentos trágicos que envolvem terceiros, o que pode se exemplificar pela multidão que se aglomera em torno de acidentes de carro.

Muitas situações de desastres naturais, de acidentes e de crimes hediondos destacam-se por si só, tamanha a amplidão de suas consequências, tamanha a dor dos envolvidos, levando-nos a nos interessar pelos desdobramentos do fato. Como tudo isso vende muito, a mídia não se furta de veicular massivamente eventos trágicos, aplicando-lhes o devido sensacionalismo.

Somos atraídos pelas tragédias que acometem alguém de fora muito provavelmente porque o que foge à normalidade que se espera causa curiosidade, além de nos provocar certa sensação de alívio íntimo, por não termos sido nós as vítimas daquilo. O ser humano muitas vezes lança mão do expediente que consiste em comparar-se com quem passa por situações bem piores, tentando se conformar com as próprias desgraças.

Outras vezes, olhamos aquilo tudo com empatia, colocando-nos no lugar de quem sofre, de quem vê sua vida devastada por uma tragédia sem precedentes, exercitando nosso lado mais humano e solidário. Assim, enviamos donativos a vítimas que perderam tudo o que tinham, depositamos dinheiro para ajudar entidades beneficentes, dessa forma nos sentindo melhor e mais aliviados.

No entanto, há quem sinta um prazer clandestino em assistir a fatos desagradáveis, como se estivesse se divertindo com aquilo. Isso fica muito claro quando vemos pessoas torcendo para que o governo ao qual elas se opõem aja lesivamente, mesmo que os cidadãos como um todo saiam perdendo; quando ouvimos alguém dizendo “bem feito” ao saber de algo ruim ocorrido com um desafeto, mesmo que se trate de fofoca sem comprovação; quando se deseja o pior ao “ex”, mesmo que ele seja pai ou mãe de filhos em comum.

Mesmo que faça parte da natureza humana se sentir atraído pela infelicidade do outro, cabe-nos direcionar esse sentimento de forma positiva, adotando uma postura empática e solidária, para que, caso não ajudemos, também não atrapalhemos, tampouco fomentemos a maldade. É preciso, afinal, muito cuidado com o que sentimos e com o que desejamos, pois os desejos às vezes se realizam, inclusive os mais obscuros.

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