E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos...”
A atividade mais aguardada do IV Seminário Latino-Americano de Anistia e Direitos Humanos era o julgamento ao vivo de diversos processos de anistia política, promovido pela Comissão da Paz do Ministério da Justiça.
Estavam na pauta de julgamento nove processos, e entre eles, o mais emblemático: o do sociólogo Herbert de Sousa, o Betinho, treze anos após a sua morte.
Após o processo do Betinho, foi julgado o de Maria Nakano, sua fiel companheira de ideais de amor e de vida, que recebeu um pedido formal de desculpas pela perseguição política que ambos sofreram durante o regime militar, a partir de 1964.
Herbert de Souza fundou a organização marxista Ação Popular (AP) e dirigiu grupos contrários ao regime militar. Exilado em 1970, morou no Chile, ocasião em que assessorou o governo socialista de Salvador Allende, assassinado pela ditadura militar daquele país. Temendo pela sua vida, Betinho se refugiou no Panamá, no Canadá e no México.
Voltou ao Brasil em 1979 e dois anos depois, fundou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). Em 1993, lançou a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida. Por ser hemofílico, adquiriu o vírus da aids por causa das transfusões de sangue periódicas que era obrigado a realizar. Morreu em 1997.
O bêbado e a equilibrista
O momento mais emocionante que antecedeu aos julgamentos foi à exibição de um vídeo sobre a época de exceção em que viveu o Brasil, com a voz de Ellis Regina cantando a música símbolo da resistência, cuja inspiração para os compositores João Bosco e Aldir Blanc, foi o irmão do Henfil.
Depois de três dias de Seminário, fique com a sensação de que finalmente o Brasil está se re-encontrando, e o Estado Brasileiro se redimindo das atrocidades que o Regime Militar cometeu.
Confesso que chorei.