Nigéria.
Pensou que fosse outra coisa né?
Ou mente poluída...
Após 29 anos do seu lançamento na Europa (França e Inglaterra) chega ao Brasil a biografia de Fela Kuti, escrita pelo cientista político Carlos Moore e com Prefácio de Gilberto Gil. O livro Fela, esta vida puta, tem o selo mineiro Nandyala, será lançado dia 3 de junho, às 18 horas, na Casa da Angola, em Salvador, em meio a uma polêmica hollywoodiana: a Broadway (EUA) está com o musical Fela!, produzido pelos astros Jay Z e Will Smith, baseado no livro de Moore, sem a autorização do autor.
No lançamento em Salvador (3/6), além da sessão de autógrafos de Moore - que mora na capital baiana há 10 anos - haverá transmissão de vídeos de shows de Fela Kuti e uma festa só de músicas afrobeat com o DJ Sankofa. O evento é uma parceira do CEAFRO – programa do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) da Universidade Federal da Bahia (UFBa) com a Casa de Angola.
Aliás, a proposta de Moore e da editora Nandyala é lançar o livro em várias capitais do país, com muita música e vídeos de Fela Kuti. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre já estão na rota. O livro trás comentários de Sueli Careiro, Carlinhos Brown, Chico César, Yeni Anikulapo Kuti, Seun Anikulapo Kuti, Feni Anikulapo Kuti, Paulo Lins, Robert Farris Thompson, Margaret Busby, Lindsay Barrett e Hugh Masekela.
Moore foi amigo de Fela Kuti (1938-1997), cujo nome completo era Olufela Olusegun Oludotun Ransome-Kuti - o criador do afrobeat um movimento musical e político, nos anos 70. Moore comenta que Fela Kuti se destacou internacionalmente por promover a junção de vários ritmos negros africanos e da diáspora- jamaicanos e norte-americanos. O resultado foi um outro ritmo suingado, envolvente e irresistível. Já as composições de Fela Kuti contestavam a política de governos e regimes autoritários do seu país, a Nigéria. Algumas músicas chegaram a ter mais de 20 minutos de duração! Fela Kuti chegou a criar um partido de oposição, Movimento of the People (MOP), e se candidatou a Presidência da Nigéria. Fela Kuti era , sem dúvida. adrenalina pura.
Depois de muita insistência de Moore, Fela Kuti aceitou a proposta de escrever o que se tornou a única biografia autorizada, em 1981. Aldo do tipo: topo fazer o livro e venha já. Moore não pensou duas vezes e foi ao encontro de Fela Kuti. Na época Moore morava na França e as entrevistas foram feitas em Paris e em Lagos (Nigéria) na Kalakuta, um tipo de república alternativa e independente criada por Fela Kuti que, na verdade, foi um espaço de resistência ao autoritarismo nigeriano e onde também viviam outros músicos e familiares.
Foi na Kalakuta que a mãe de Fela Kuti, a ativista Funmilayo Ransome-Kuti, acabou sendo assassinada pela polícia, tendo sida arremessada por uma janela por policiais, durante uma das várias invasões violentas a Kalakuta.
No livro, Moore explica que esse crime afetou profundamente Kuti. Essas e muitas outras histórias são contadas por Moore, na primeira pessoa no livro Fela, essa vida puta, o que dá a sensação do leitor estar conversando com Fela Kuti.
Aceleradissimo, criativo, visionário, idealista, amado e odiado, transgressor e rebelde até as últimas conseqüências. Esses adjetivos resumem parte da personalidade polêmica de Fela Kuti e que Moore soube bem dimensionar em seu livro.
Carlos Moore - Tel: (71) 3016.6291ou 8784.7034
Ceres Santos – Jornalista e Coord. Executiva do Ceafro/UFBa
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