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Estudantes produzem dicionário biográfico Excluídos da História

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O dicionário biográfico Excluídos da História foi feito pelos estudantes que participaram da quinta fase da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB), iniciativa criada em 2009 pela Unicamp

Do cacique Tibiriçá, nascido antes de 1500 e batizado pelos jesuítas como Martim Afonso de Sousa, que teve papel importante na fundação da cidade de São Paulo a Jackson Viana de Paula dos Santos, jovem escritor nascido em Rio Branco (AC) no ano 2000, fundador da Academia Juvenil de Letras e representante da região norte na Brazil Conference, em Harvard.

Essas são as duas pontas de uma linha do tempo que busca contar a história de importantes personagens brasileiros que estão fora dos livros oficiais, num total de 2.251 verbetes, publicados agora como dicionário biográfico Excluídos da História.

O trabalho foi feito pelos 6.753 estudantes que participaram da quinta fase da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) do ano passado, entre os dias 3 e 8 de junho de 2019, divididos em equipes de três participantes cada.

A olimpíada foi criada em 2009 pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e reúne atualmente mais de 70 mil estudantes dos ensinos fundamental e médio em uma maratona de busca pelo conhecimento em história do Brasil. A competição tem cinco fases online, com duração de uma semana cada, e uma prova para os finalistas das equipes mais bem pontuadas para definir os medalhistas.

Começou com samba enredo da Estação Primeira de Mangueira, escola campeã do carnaval carioca no ano passado, que levou para a Sapucaí o enredo História para Ninar Gente Grande.

Para saber mais e explorar o Dicionário entre Aqui, e Aqui.

Luiz Carlos dos Santos. Morro de São Carlos. A vida e a obra de Luiz Melodia

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Tá tudo solto na plataforma do ar
Tá tudo aí, tá tudo aí
Quem vai querer comprar banana?
Quem vai querer comprar a lama?
Quem vai querer comprar a grana?

Luiz Carlos dos Santos nasceu respirando samba. Morro de São Carlos, bairro do Estácio, zona central do Rio de Janeiro, que viu nascer a primeira escola, a Deixa Falar. Eram os primeiros dias de 1951, 7 de janeiro. No final dos anos 1960, o adolescente compôs algumas letras, que ficaram na gaveta do tempo. Foi na década seguinte que ele acabou descoberto pelos vanguardistas da zona sul e explodiu definitivamente após ser gravado por musas da MPB. Ficou conhecido como Luiz Melodia.

Em 4 de agosto, quando se completam três anos de sua morte, o artista ganhará biografia. Meu nome é ébano - A vida e a obra de Luiz Melodia (Tordesilhas, 336 páginas) tem a assinatura do jornalista Toninho Vaz, que já contou histórias de Torquato Neto e Paulo Leminski, entre outros catalogados de “malditos”.

Discreto, desligado, rebelde

Luiz era discreto, arredio, sensível, desligado, meio rebelde. Teve relacionamento difícil com as gravadoras, o que ajuda a explicar a fama de “difícil” que o acompanhou vida afora. Toninho conta uma história que considera reveladora, quando o cantor foi convidado pela emissora a gravar a música Ébano para o programa Globo de Ouro.

Ao chegar no estúdio, ficou sabendo que o cenário era uma favela estilizada. Topou. Mas haveria cinco vedetes vestidas de gatas pretas, que o “arranhariam” enquanto ele cantasse. Recusou o roteiro, ficou esperando uma mudança que não aconteceu e foi embora. Tempos depois, diria: “Eles querem que eu faça coisas com as quais não concordo. Ninguém vai dirigir a minha carreira. Eu não sou apenas um cantor, sou um artista”.

- Não precisou rasgar a camisa e muito menos comprar a lama...

Rasgue a camisa, enxugue meu pranto
Como prova de amor mostre teu novo canto
Escreva num quadro em palavras gigantes
Pérola Negra, te amo, te amo



Chet Baker que era trompetista e cantor, especialmente na interpretação de My funny Valentine, constava da lista de suas afeições.

Essa Gente, de coração aflito

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“Essa gente’ somos todos nós”.

“É o que o escritor e crítico literário Sérgio Rodrigues registra na apresentação do volume do livro de Chico Buarque lançado em dezembro, ‘Essa gente’, onde ele esmiúça o mundo da burguesia nacional com rigor e forte ironia”.

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A angústia é o sentimento dominante na vida dos protagonistas dos livros de autoria de Chico Buarque, comentava o escritor José Castello, um dos mais brilhantes críticos literários que atuou durante quase dez anos em caderno literário de jornal do Rio de Janeiro. Quando os jornais ainda tinham cadernos literários. Entusiasta da obra de Chico, compartilhamos com Castello a sua afeição e esta análise: os personagens do autor nascido no Rio e criado em São Paulo são ”corações aflitos”. 

Agora, "Essa gente" (Ed. Companhia das Letras) vem ocupar seu espaço, na estante, ao lado de Estorvo, Budapeste, Leite derramado e, neste, da narrativa do ghost writer José Costa, outro personagem atormentado de Chico. O seu coração, mais que aflito, neste trabalho, desencantou.

Talvez seja o mais cinematográfico dos seus livros e também um dos mais duros e decepcionados. Nele, Chico compartilha o seu desalento nas entrelinhas de uma história relatada na forma de mensagens breves semelhantes a posts de What’s app e a e-mails quando são textos mais extensos, e das impressões do personagem nas caminhadas dele – do escritor Manuel Duarte -, ladeira abaixo ladeira acima, no Alto Leblon, onde o personagem mora.

O título remete à expressão histórica e cara à burguesia nacional (e à polícia) quando os associados dela se referem ao cidadão que no seu entender não carrega pedigree. Sobrenome. ”Essa gente”, essa gentinha, esse povo que está aí. E é quase cínico o desapontamento com que Duarte assiste o espetáculo proporcionado por essa gente – ela significando igualmente o avesso do direito, tal como os parasitas (o bicho e o filme de Bong Hoo Jo) que adquirem dupla vida e sentido geminado.

Uma gente que circula diante dos olhos cansados do escritor sexagenário Duarte. Ou na praia, nas piscinas de casas ”na serra”, nas festas milionárias, nos círculos dos negócios – jurídicos e outros -, ou nas vielas e lajes da favela e nas happy hour das sextas-feiras da varanda do lendário Country Club, em Ipanema.



In The Collector of Leftover Souls

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Award-winning journalist Eliane Brum chronicles the lives of everyday Brazilians. She visits the Amazon to understand the practice of indigenous midwives, stays in São Paulo’s favelas to witness the tragedy of young men dying due to guns and drugs, and wades through the mud to capture the boom and bust of modern-day gold rushers. Told in vibrant and idiomatic language, The Collector of Leftover Souls is a vital work of investigative journalism by an internationally acclaimed author.

The Collector of Leftover Souls: Field Notes on Brazil’s Everyday Insurrections

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No colecionador de sobras de almas, anotações de campo sobre as insurreições cotidianas do Brasil

A jornalista premiada Eliane Brum narra a vida de todos os dias os brasileiros. Ela visita a Amazônia para entender a prática das parteiras indígenas, fica nas favelas de São Paulo para testemunhar a tragédia de jovens que morrem devido a armas e drogas, e atravessa a lama para capturar o boom e o rebentamento dos corredores de ouro modernos. Contado em linguagem vibrante e idiomática, The Collector of Leftover Souls é uma obra vital do jornalismo investigativo de um autor internacionalmente aclamado.

Em seu site Descontentamentos, a Eliane Brum escreveu: "Quero compartilhar com vocês uma notícia que me dá muita alegria. Meu livro de reportagens The Collector of Leftover Souls, lindamente traduzido pela Diane Grosklaus Whitty e cuidadosamente editado pela Graywolf, nos Estados Unidos, acabou de ser nominado na lista dos 10 melhores livros estrangeiros do prestigioso National Book Award". 

Ele chega às livrarias em outubro de 2019!

Não está longe. Vale a pena conferir!

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Confira também: Como vocês se atrevem?

Carolina

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Celebração à Vida.



O livro "Quarto de despejo" foi traduzido para 13 línguas e vendido em 80 países. Política, história e sociologia se fundem na obra de Carolina de Jesus

Um “enigma” e um “poço sem fundo”. Assim a atriz, dramaturga e arte-educadora Dirce Thomaz define Maria Carolina de Jesus, a catadora de papel descoberta pelo jornalista Audálio Dantas na favela do Canindé, em São Paulo, e autora do livro Quarto de despejo, lançado em 1960 e que logo se transformou em estrondoso sucesso.

Para Dirce Thomaz, o diário de Carolina de Jesus é “forte, real e visceral”. A atriz está em cartaz com a peça Eu e Ela: visita a Carolina de Jesus, espetáculo em que interpreta Carolina e no qual é também a diretora. A peça, baseada no diário de Carolina de Jesus, está em cartaz na Funarte, em São Paulo, até o dia 10 de agosto.

Poeta, compositora e feminista, Carolina de Jesus ainda cantava e dançava. “Uma mulher além do seu tempo. Quando falo que ela era um poço, agora estão descobrindo que Carolina também escreveu para teatro. A cada dia se descobre alguma coisa de Carolina”, afirma Dirce, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.

A atriz conta estar mergulhada no universo desde 1988. Atuou no curta-metragem O papel e o Mar e, em 2009, interpretou Carolina de Jesus no cinema. “E daí não teve mais jeito, foi um mergulho nessa mulher incrível que é Maria Carolina de Jesus, esse universo incrível.” Dirce lembra que, ao ser lançado, Quarto de despejo vendeu mais que Jorge Amado. “Foi um best seller, foi uma fama, uma coisa muito louca.”

Carolina de Jesus aprendeu a ler aos 7 anos de idade, a idade correta para uma criança ser alfabetizada, mesmo ela sendo uma criança muito pobre vivendo na cidade grande. “Ela saia na rua lendo tudo, ela se encontrou ali. Fazia crítica à política, à história e à sociedade. A obra de Carolina não é só o diário do que ela passava na favela, é uma obra política e social de peso”, afirma a dramaturga. Quarto de despejo foi traduzido para 13 línguas, em 80 países.

“Ela só não é muito respeitada no Brasil. A Academia Brasileira de Letras não a reconhece como poeta, porque fala que ela teve só o segundo ano primário. Ela estudou muito. O Brasil sempre não quer falar das suas mazelas”, reclama Dirce. “Como vamos ficar falando da história das favelas, história de mulher negra favelada?”, ironiza.

Após o sucesso de Quarto de despejo, Carolina de Jesus não conseguiu mais espaço para editar novos trabalhos, e decidiu então editar a própria obra. “A gente (o povo negro) esperneia desde o período colonial, para sobreviver, para chegar em algum lugar, para estudar, para trabalhar. E a Carolina é um espelho muito grande para as mulheres negras sobre tudo o que acontece com a população negra. Carolina foi e é um marco na história do Brasil, uma referência forte para as mulheres negras.”


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Eu e Ela: visita a Carolina de Jesus
Até o dia 10 de agosto
Funarte - Alameda Nothmann, 1.058, Campos Elíseos, São Paulo
Sextas e sábados, às 19h, e domingos, às 18h 
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Do Portal RBA)))

Elisa e Marcela no NETFLIX

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No ano de 1901, Elisa Sánchez e Marcela Gracia contraíram matrimônio na igreja de São Jorge, na cidade galega de La Corunha.

Elisa e Marcela se amavam às escondidas. Para normalizar a situação, com boda, sacerdote, certidão e foto, foi preciso inventar um marido: Elisa se transformou em Mario, vestiu roupa de cavalheiro, cortou os cabelos e falou com outra voz.

Depois, quando ficaram sabendo, os jornais da Espanha inteira puseram a boca no mundo diante daquele escândalo asquerosíssimo, essa imoralidade desavergonhada, e aproveitaram aquela tão lamentável ocasião para vender como nunca, enquanto a Igreja, enganada em sua boa-fé, denunciava para a polícia o sacrilégio cometido.

- E desatou a caçada.

Elisa e Marcela fugiram para Portugal. Caíram presas na cidade do Porto.

Quando escaparam da cadeia, trocaram de nomes e foram mar afora...

- Na cidade de Buenos Aires perdeu-se a pista das fugitivas.


(Do Livro Os Filhos e Os Dias)

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Agora o NETFLIX lança essa história: Elisa Sánchez Loriga adota Uma Identidade masculina para Poder se casar com uma mulher Que ama, Marcela Gracia Ibeas, na Espanha de 1901. Baseado NUMA História real. 


A Comédia Humana

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O quanto você sabe sobre Ela?

A 29 de maio de 1265 é a data estimada do nascimento do poeta Dante Alighieri, em Florença.

A Telesur, convida você a aprender mais sobre esta obra-prima.

Teste o quanto você sabe, Aqui.


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Aproveite e leia também: O quanto você sabe sobre biodiversidade?

Tem dias que a gente se sente... um Chico Buarque de Holanda Camões

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Chico Buarque vence prêmio Camões de Literatura.


Escolhido por unanimidade, o cantor, compositor e escritor Chico Buarque é o novo vencedor do Prêmio Camões de Literatura, o principal de língua portuguesa, anunciou o júri na tarde desta terça-feira, 21/5, no Rio de Janeiro

O Prêmio é entregue anualmente em reconhecimento à obra completa de um autor de qualquer país de língua portuguesa, o último brasileiro a vencer o prêmio havia sido Raduan Nassar, em 2016, autor de "Lavoura Arcaica" e "Um Copo de Cólera".

Antonio Cícero, escritor e membro do júri, disse que o prêmio a Chico Buarque é um reconhecimento que vai além de sua obra literária e se estende à música. 

"Evidente que esse prêmio é um reconhecimento pela poesia dele nas letras de música, que também são literárias, não só pelos livros. São poemas. Grandes poemas. A música 'Construção', por exemplo, é um poema até raro de se fazer", afirmou.

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Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira pra lá

(Trecho de Roda Viva).

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Sinceramente...

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Obra que conta os bastidores da política argentina esgotou no dia do lançamento e vendeu mais de 200 mil cópias em duas semanas, e é fenônimo literário na Argentina. 

São Paulo – O livro Sinceramente (Sudamericana), escrito pela ex-presidenta Cristina Kirchner já é um fenômeno político e literário. Em sua quinta edição, vendeu mais de 200 mil cópias em duas semanas. A primeira tiragem, de 20 mil exemplares, esgotou no mesmo dia do lançamento nas livrarias, em 25 de abril. E a seção "Biografias e historias reais em espanhol", na Amazon, já tem a edição em primeiro lugar.

Na noite de quinta-feira (9), Cristina Kirchner apresenta a obra na 45ª edição da Feira Internacional do Livro de Buenos Aires, o evento literário mas importante do país. A apresentação – que poderá ser vista pelo canal da autora no Youtube, Facebook e Twitter – deve reunir políticos de oposição ao atual presidente, Maurício Macri, sindicalistas, além de representantes de organizações sociais, da cultura e das ciências argentinas. A expectativa é que milhares de argentinos acompanhem a fala de Cristina em dois telões colocados do lado de fora do Prédio de La Rural, que recebe o evento. Haverá também transmissão online.

Primeira mulher a presidir a Fundação El Libro – que realiza a feira – María Teresa Carbano, diz que o evento ganha ares políticos em função das eleições presidenciais argentinas, em outubro. "Presentación de Cristina Fernández de Kirchner es la principal atracción por comprensibles motivos políticos: ex presidenta, atual senadora e não se sabe se candidata... Eu vou saudá-la e dar-la as boas vindas" afirmou ao jornal Página 12.

Em pesquisa da consultoria Isonomia, divulgada também em abril, antes do lançamento do livro, Cristina aparece com 45% das intenções de voto num eventual segundo turno contra atual presidente, que teria 36%.

O sucesso do livro de Cristina é ainda maior num contexto de queda geral na venda de livros na Argentina, com redução de tiragens, configurando uma crise no setor editorial, que acompanha a crise geral da economia argentina. "Hoje, quando o país está em completo declínio político, econômico, social e cultural, espero que lendo essas páginas possamos pensar e discutir sem ódio, sem mentiras e sem queixas", diz ela em Sinceramente.

Sobre Macri, ela diz que "poderia ter sido um capitalista bem sucedido, disciplinar o setor agroexportador com taxas escalonadas e diferenciadas, mas preferiu ser o capataz do sistema financeiro", dentre outras críticas.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PSL), também aparece no livro, quando Cristina lembra dos avanços conquistados pela população LGBT, na Argentina, durante o seu governo. "Escrevo estas linhas em tempos de Bolsonaro, o novo presidente do Brasil que abjura das minorias e quer persegui-las... Que mundo, meu Deus!".

"Porque se há o direito ao grito. Então eu grito".

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Haya Pinkhasovna Lispector nasceu no dia 10 de dezembro de 1920 na cidade ucraniana de Tchetchelnik.

Descendente de judeus, seus pais Pinkhas Lispector e Mania Krimgold Lispector passaram os primeiros momentos de vida de Clarice fugindo da perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa (1918-1920).


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Quando conseguiram chegar ao Brasil em 1921, viveram nas cidades de Maceió, Recife e Rio de Janeiro onde passaram algumas dificuldades financeiras.

Desde pequena Clarice estudou várias línguas (português, francês, hebraico, inglês, iídiche), coisa comum naquela parte do mundo. Também teve aulas de piano. Sempre foi uma boa aluna na escola e desde cedo descobriu que gostava escrever, especialmente poemas.

Após a morte de sua mãe em 1930, Clarice termina o terceiro ano primário no Collegio Hebreo-Idisch-Brasileiro.

Mais tarde sua família vai viver no Rio de Janeiro. Em 1939, com 19 anos, ingressa na Escola de Direito da Universidade do Brasil e começa a dedicar-se totalmente à sua grande paixão: a literatura.

O preto que falava iídiche

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O compositor, escritor e pesquisador Nei Lopes, com seu novo livro, O preto que falava iídiche ,(Record, 255 págs.), lançado nesta quinta-feira (7) em São Paulo, busca fazer "um paralelo entre duas sociedades marcadas pelo racismo". É a história de Nozinho na Praça Onze carioca, um lugar marcado pela presença de várias comunidades, não só a negra, como lembra Nei, autor de várias obras dedicadas à cultura africana e à música, como o Dicionário da história social do samba. 

Ele entrou no universo do samba "a contragosto da minha família", recorda. "Minha mãe dizia: eles lá e nós aqui", conta Nei Lopes, 76 anos completados em maio, criado em Irajá, área suburbana da zona norte do Rio de Janeiro, onde o pai comprou um terreno em 1927 – Nei foi o último de 13 filhos. "Hoje, só tem eu na prole". Pequeno, conheceu uma senhora que era "banqueteira", como se dizia antigamente, trabalhando para casas abastadas do Rio, e ligada à Portela. "Esse ambiente me fascinou muito cedo", diz Nei, que anos depois se aproximaria do Salgueiro, participando pela primeira vez do carnaval em 1963, justamente quando a escola de samba da Tijuca, também na zona norte, provocou uma pequena revolução no desfile com o enredo Xica da Silva.

Nesta nova obra – já são 35 –, o samba "não está presente, mas ele se anuncia", diz o autor. A Praça Onze é conhecida como um berço do samba carioca. Lá, "havia um rapazinho que trabalhava para um pequeno industrial da comunidade judaica, que não conseguia falar uma palavra de português". 

"Do relacionamento apaixonado, fortuito e proibido do preto inteligentíssimo Nozinho, que falava até iídiche, com a bela e branca judia Rachel, ele (Nei) nos conduz do ambiente de uma Praça Onze que testemunhava a invenção do samba a uma África que viu desde os judeus se libertarem da escravidão no Egito até a escravização dos povos negros e o mítico amor da rainha de Sabá e de Salomão, antecipando, na Etiópia, Rachel e Nozinho no Rio", escreve, na introdução, o jornalista Hugo Sukman.

"Evidentemente que são duas histórias muito diversas", observa Nei Lopes, referindo-se aos povos negro e judaico. Para ele, "a autoestima do povo afrodescendente é mínima, por conta de uma abolição irresponsável, enquanto a comunidade judaica tem outra percepção de si mesma", mantendo seus costumes. Nei aponta uma desunião entre os negros "que já veio da época (da escravidão) e foi insuflada pelos europeus".

'Deus é Mulher': 'O meu país é o meu lugar de fala'

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Novo disco da cantora carioca amplia o poder transformador da música com debate político, feminista, anti-racista, pela liberdade religiosa, ancestralidade e pelo empoderamento.

“Mil nações moldaram minha cara/ Minha voz, uso para dizer o que se cala/ O meu país é meu lugar de fala.” É com esse grito de O que se Cala que Elza Soares abre seu novo disco, Deus É Mulher, lançado esta semana pela Deck Disc, e já disponível em todas as plataformas digitais, entre elas Spotify, YouTube, Google Play, Deezer e SoundCloud.

No texto de apresentação do álbum, a feminista e pesquisadora na área de Filosofia Política, Djamila Ribeiro, descreve como se sentiu ao escutar o novo álbum de Elza: “Vemos uma Elza Soares cantando a partir de um lugar potente, num elo com as gerações mais jovens. Como autora do livro O que é Lugar de Fala, fiquei particularmente tocada em ver uma mulher como ela, uma das maiores cantoras brasileiras, rompendo com silêncios históricos e emprestando sua voz para amplificar as nossas. Uma generosidade para quem ainda precisa se calar perante a vida. Elza fala por milhares, canta a liberdade”, afirma a ex-secretária-adjunta da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo.


Em 11 faixas inéditas, o álbum faz uma ode ao empoderamento negro – especialmente das mulheres – a partir de letras feministas, de afirmação política e estrofes que celebram as raízes afro. “Exu nas Escolas é um grito pela ancestralidade, pela beleza de uma mitologia que foi demonizada. Ode ao orixá da comunicação, a uma cosmogonia sufocada por uma visão colonial. Um manifesto pela liberdade religiosa e cultural de um povo”, analisa Djamila..

Caça aos Livros HeForShe

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Organizada pela ONU Mulheres em parceria com o Metrô de São Paulo, Caça aos Livros HeForShe tem inscrições prorrogadas até o dia 16 de maio.

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Que tal participar de um jogo pela igualdade de gênero e ter a chance de encontrar um livro feminista inspirador enviado por uma das personalidades apoiadoras do movimento #ElesPorElas #HeForShe? ♥
Inspirada no clube de leitura "Nossa estante compartilhada" (do inglês, “Our Shared Shelf”), criado pela Embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres, Emma Watson, a Caça aos Livros HeForShe será uma ação de engajamento de jovens entre 13 e 32 anos, de todos os gêneros, no Movimento ElesPorElas HeForShe; e de incentivo à leitura de livros que abordam temas de igualdade de gênero, raça e etnia.

A Caça aos Livros acontecerá no dia 25 de maio de 2018, às 13h, no Metrô de São Paulo, com liderança da equipe da HeForShe. A ação consistirá em um jogo onde participantes poderão procurar, ao longo de uma hora, uma de 150 cópias do livro “Malala: a menina que queria ir para a escola”, da escritora brasileira Adriana Carranca. Dessas 150 cópias, 30 serão premiadas com um cupom que poderá ser trocado por mais um livro, escolhido, autografado e doado pelas seguintes personalidades apoiadoras do movimento HeForShe: Astrid Fontenelle, Bela Gil, Camila Pitanga, Fernanda Rodrigues, Gaby Amarantos, Helena Rizzo, Juliana Paes, Kenia Maria, Mariana Weickert, Micaela Goes, Mônica Martelli, Nadine Gasman e Pitty. 

E tem mais! A Embaixadora global do movimento HeForShe, Emma Watson, também contribuiu para a ação, com o envio de uma cópia autografada do livro “A Cor Púrpura”, de Alice Walker – um dos títulos selecionados pelo Clube de Leitura. ♥ Como não amar? ♥


Como participar:
Galeano: Como os EUA apagaram a memória do 1º de Maio

Chicago está cheia de fábricas. Existem fábricas até no centro da cidade, ao redor de um dos edifícios mais altos do mundo. Chicago está cheia de fábricas, Chicago está cheia de operários.

Ao chegar ao bairro de Heymarket, peço aos meus amigos que me mostrem o lugar onde foram enforcados, em 1886, aqueles operários que o mundo inteiro saúda a cada primeiro de maio.

– Deve ser por aqui – me dizem. Mas ninguém sabe. Não foi erguida nenhuma estátua em memória dos mártires de Chicago nem na cidade de Chicago. Nem estátua, nem monolito, nem placa de bronze, nem nada.

O primeiro de maio é o único dia verdadeiramente universal da humanidade inteira, o único dia no qual coincidem todas as histórias e todas as geografias, todas as línguas e as religiões e as culturas do mundo; mas nos Estados Unidos o primeiro de maio é um dia como qualquer outro. Nesse dia, as pessoas trabalham normalmente, e ninguém, ou quase ninguém, recorda que os direitos da classe operária não brotaram do vento, ou da mão de Deus ou do amo.

Após a inútil exploração de Heymarket, meus amigos me levam para conhecer a melhor livraria da cidade. E lá, por pura curiosidade, por pura casualidade, descubro um velho cartaz que está como que esperando por mim, metido entre muitos outros cartazes de música, rock e cinema.

O cartaz reproduz um provérbio da África: Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador.

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Por Eduardo Galeano, em O Livro dos Abraços.
Imagem: Os oito mártires de Chicago.

Vozes guardadas

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Todo poema é um bilhete, uma carta, uma seta.
Todo poema é uma visão, um aviso, um pedido, uma conversa.
Todo poema é um sinal de perigo, socorro, promessa.
Todo poema pode ser um convite, um alfinete, um beijo,
um estilete.

Todo poema é fome, banquete, destino e meta.
Eu, pra todo lado que miro, vejo a bagunça,
a farra dos inéditos, a festa.
Está tudo em mim pelas bordas,
e só Deus sabe do disse me disse no interior das gavetas!

Multidões de vozes me habitam com desenvoltura,
invadiram estradas, linhas, cadernos, partituras.
São tribos que vêm com seus alforjes,
são sonhos de literatura,
são palavras que aproveitam e fogem,
são verbos do norte que vieram da loucura,
são letras cotidianas que traduzem a experiência do viver,
são rebanhos de incertezas que migram para as rimas para vencer
são lágrimas de dor e beleza,
que se fizeram guerreiras antes de escorrer.

"Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém...

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"Gullar é um dos sobrenomes de minha mãe, o nome dela é Alzira Ribeiro Goulart, e Ferreira é o sobrenome da família, eu então me chamo José Ribamar Ferreira; mas como todo mundo no Maranhão é Ribamar, eu decidi mudar meu nome e fiz isso, usei o Ferreira que é do meu pai e o Gullar que é de minha mãe, só que eu mudei a grafia porque o Gullar de minha mãe é o Goulart francês; é um nome inventado, como a vida é inventada eu inventei o meu nome”.

(Gullar, em entrevista)
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Traduzir-se

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Água Benta, Social e Gerson: Coisa séria

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Cronica

Sexta-feira, 8 da noite. O Bar Bitúrico estava lotado. Andando entre as mesas podia-se ouvir cantadas fracassadas, mentiras deslavadas, gente xingando o patrão, reclamando da sogra ou discutindo política. Este era o caso de três amigos: Água Benta, Social e Gérson.

Gérson, na verdade, chama-se Redernílson, mas ninguém já nem lembra disso. Ele recebeu esse apelido porque fumava cigarro Vila Rica e vivia repetindo: “Gosto de levar vantagem em tudo, certo?”

Água Benta passou a ser chamado assim quando entrou na igreja para parar de beber. Tornou-se evangélico, mas não largou totalmente a bebida: “Se Deus folgou no sábado, eu posso beber na sexta.”

Quanto a Social, há divergências. Uns dizem que é porque ele foi ascensorista por muito tempo. Outros, porque a única parte que lia dos jornais era a coluna social.

Gérson deu o pontapé inicial:

“Uma Maranhense”

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Conheça Maria Firmina dos Reis, a primeira romancista negra do Brasil.

“Mesquinho e humilde é este livro que vos apresento, leitor. Sei que passará entre o indiferentismo glacial de uns e o riso mofador de outros, e ainda assim dou à lume. (…) Sei que pouco vale esse romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem trato e a conversação dos homens ilustrados”.
(Firmina)

PIONEIRA

Maranhense também compôs o Hino de Libertação dos Escravos e foi primeira mulher a passar em um concurso público.

O livro "Úrsula" da escritora ficou esquecido no porão de uma biblioteca pública durante muitos anos Experimente pesquisar na internet o nome da escritora Maria Firmina dos Reis. O resultado mostra uma jovem branca com vestimentas nobres. Mas, a imagem é bem diferente da verdadeira fisionomia da primeira romancista negra do Brasil. 

"Rosto arredondado, cabelo crespo, grisalho, fino, curto e amarrado na altura da nuca. Olhos castanhos escuros, nariz curto e grosso, lábios finos, mãos e pés pequenos. A Firmina era uma escritora negra, do século XIX. Então, porque a representação imagética dela é de uma escritora branca?", questiona o pesquisador de literatura abolicionista Rafael Balseiro Zin. A situação, segundo ele, evidencia o esquecimento da vida e obra da maranhense. 

“Mesquinho e humilde é este livro que vos apresento, leitor. Sei que passará entre o indiferentismo glacial de uns e o riso mofador de outros, e ainda assim dou à lume. (…) Sei que pouco vale esse romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem trato e a conversação dos homens ilustrados”.

Posso sempre

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Mudar o ângulo de cada palavra, alterar a rota da disposição carnal para o bem maior, limpar ingerências autoritárias e transportá-las ao tom das árvores, criar campos verdes de solidão acompanhada. 

Posso transformar-me em ser mais feroz que toda moral.

Andar pelas chuvas torrenciais e burocráticas das salas de decisão política. Posso, e de repente, frutos e suspiros passeiam em meus seios – nos seios de uma mulher escorrega o mundo. Posso recuperar alguns mortos, algumas montanhas de passado e margaridas de pintores. Também dar adeus à realidade e pisar nos sonhos de um gato mosaico, muito mais que sete vidas. Posso deter o olhar aos prazeres como para a felicidade, nunca sem esquecer aos pobres mortos de todos os dias.

Esmiuçar o coração de todas as coisas e observar o cair das mãos sobre mim. Voltar ao estado da variação solar-lunar, fazer girar os pés em cima da cadeira e daqui de cima cuidar das flores e ventanias, alcançar estrelas com golpes de mãos elásticas, depois abrir a porta de casa e espelhar ao mundo isso que caço todas as manhãs. Posso fazer voar todas essas recolhidas flores e estrelas e ser mais rápida que a violência. Conhecer as almas que se esmorecem e se entregam para falar a vida. 

Posso engolir mariposas e soprar todas essas intempéries.  

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por Maíra Vasconcelos
GGN - O Jornal de Todos os Brasis

A Língua!

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"Armas: Qual a mais forte das armas?"

A mais certeira, a mais firme?

A lança, a espada, a clavina, ou a funda aventureira?

A pistola? O bacamarte? A espingarda ou a flecha?

O canhão que em praça forte faz em dez minutos brecha?

Qual a mais firme das armas?

O terçado, a fisga, o chuço, o dardo, a maça, o virote?
A faca, o florete, o laço, o punhal ou o chifarote?

A mais tremenda das armas, pior que a durindana, atendei, meus bons amigos: se apelida - a língua humana.

(Fagundes varela, no poema: "Armas")

*****

Portanto, um homem deve saber o comprimento de sua língua. Um órgão tão curto e, no entanto, capaz de cobrir longas distâncias e causar danos irreparáveis.

E evitar que resvale pela mesquinharia, sirva à confusão, faça eco a intriga, cometa inconfidências, fira sentimentos, destrua reputações e vidas, especialmente nesta época de comunicação por escaneamente, onde tudo é verbalizado e quase nada verificado...

Trazê-la sob o controle da razão, eis o desafio.


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