Um outro olhar

A travessia

Foram oito horas de viagem de ônibus até Pirapora . Durante todo o percurso eu tentava imaginar que tipo de expedição seria aquela. Prevenida que sou, levei para me fazer companhia o Ciúme, a música. Pirapora seria o meu ponto de chegada rumo ao início de outras viagens. Só que desta vez eu teria a companhia da equipe do Amores no Velho Chico, agregada pelo Jerimum e o Chiquinho. 

A sede da expedição fica em Buritizeiro. Uma cidade que a primeira vista parece uma aldeia parada no tempo. O que não para por ali é a prática da política coronelista, típica das cidades do interior. Ainda bem que a Expedição sobrevive muito bem a isto, com a sua independência criativa e financeira, além da competência e muito trabalho.

Na casa ampla e agradável fica o sofisticado estúdio de criação, que não deixa nada a desejar aos mais modernos estúdios de produção, especialmente a ilha de edição. É lá que a Expedição ganha vida e nos dá a oportunidade de saborear as histórias do Velho Chico, com suas personagens e vidas, vivas. Da janela dos fundos se pode apreciar os verdes matagais, pássaros de várias espécies, cavalos, vacas, micos e cobras. Foi a única vez em minha vida que gostei de apreciar um tucano. (rs). Bem ao longe, um lindo céu azul.

No dia seginte bem cedo chegou a Jaqueline e partimos para a estrada. Nosso objetivo era passar o carnaval em Frei Orlando. Para chegar, passamos por Três Marias, e de lá atravessamos de balsa até morada Morada Nova de Minas. 

Na volta, passamos por Espinhos para reencontrar uma bela família que vivia segregada socialmente, mas que foi descoberta e resgatada pela Expedição. A emoção de conhecer aquela família me paralisou por alguns momentos. Jamais me esquecerei dos seus rostos. Veja o vídeo e entenda o motivo.

De volta à Buritizeiro continuei acompanhando todos o processo de produção, participando das filmages, fotografias, entrevistas e ouvindo muitas prosas dos nativos. Na sequencia, convidada, pude contribuir com o processo de edição da matéria com o Expedito - o Escultor das Águas.

Como não poderia deixar de ser, após dias de muito trabalho (a edição de um vídeo leva em média oito horas), sentáva-mos à beira do Velho Chico para tomar umas geladas, comer peixe frito, curtir o pôr do sol e prosear muitos com os amigos locais. Afinal, ninguém é de ferro.

Outro olhar

Após esta experiência jamais verei o Amores no Velho Chico da mesma forma que vejo pelo site. A Expedição não representa apenas um projeto que conta histórias sobre a região e seus moradores. É mais que isto. 

Por onde passa, a Expedição é reconhecida por  resgatar a auto estima das pessoas, tornando-as sujeito dos seus próprios processos pessoais e coletivos.

Ouso afirmar que é um resgate do ser, muito mais que o ter, mesmo em meio a grandes dificuldades. Coisas que algumas pessoas da cidade grande normalmente conhecem apenas por meio de frases de efeitos. 

Agradecimento

À equipe, (Valéria, Jaqueline, MV e JV) por terem me acolhido de braços abertos e me proporcionado a oportunidade de viver esta fabulosa experiência.

Obrigada!
Como a Expedição parte agora rumo à Bahia, deixo como mimo este vídeo com a música que gosto muito, e que me fez companhia na ida, e na volta para o meu aconchego.