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À Agência Brasil, Eliza revelou que a motivação da viagem ao continente africano foi para entender melhor a identidade brasileira influenciada por uma bagagem cultural africana tão forte e ainda desconhecida. “A gente tem ideias genéricas de lá. A viagem parte desse genérico das africanas. Escolhemos países com culturas diferentes para contradizer a unidade das africanas”, afirmou. Capai é especializada em gênero e direitos humanos, com foco no mundo.
Tudo começou em janeiro de 2010, apenas com uma câmera e uma mochila. A viagem durou sete meses e Eliza visitou Marrocos, Cabo Verde, Mali, Etiópia e África do Sul. Deparou-se com assuntos diversos como poligamia, o uso do véu, mutilação, aids e punições para o sexo antes do casamento. “As mulheres que eu encontrei eram absolutamente diferentes, tanto da gente, como entre elas”.
Quando chegou na Etiópia e no Mali, onde foi a vilas em lugares mais isolados, percebeu que a busca pela identidade brasileira seria mais difícil do que imaginara. “O ser brasileira não significava nada, porque como não há turistas brasileiros lá e não tem energia elétrica, quando eu falava me associavam a uma europeia. E no lugar de ser de um país colonizado, eu virei a colonizadora. O fato de eu ser reconhecida como colonizadora foi uma experiência muito forte”, revelou.
Mais em baixo
Já em Marrocos, o contato com uma advogada também gerou muitas reflexões sobre o islamismo. “Ela é islâmica, não bebe, mas não usa véu e exerce o islamismo da forma dela. Quando eu comecei a falar do feminismo, ela disse que o véu faz a mesma coisa da teoria feminista que é proteger a mulher dos olhares mais para baixo”.
O filme não recebeu recursos oficiais e foi produzido com o esforço de amigos e financiamento coletivo. O documentário foi exibido em julho no Festival Internacional de Cinema Feminino Femina, no Rio de Janeiro, e levou o Prêmio Especial do Júri.