E o direito ao voto.
Segundo Graciliano Ramos.
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No dia 20 de maio de 1933, Graciliano Ramos, um dos mais importantes nomes da literatura brasileira, publicou no Jornal de Alagoas o seguinte texto.
“Pouco importa as opiniões irritantes que pessoas biliosas manifestam a respeito do cérebro da mulher.
Exatamente nesta hora, nas mais distantes povoações do Estado, senhoras decididas se aprumam, projetam vestidos e discursos de aparato, organizam comissões para atanazar o governo.
Exatamente como os homens. Os mesmos pedidos, as mesmas embromações, mas aparência muito melhor.
É possível que bom número delas se esteja preparando para a futura assembléia estadual e imaginando alterações em códigos de posturas e orçamentos municipais, que sempre foram ruins, apesar da competência dos conselhos e dos prefeitos. Por baixo dos cabelos curtos, como os nossos, fervilham programas que os homens não souberam executar em quarenta anos ou, se acharem pouco, em quatrocentos e trinta.
Para usar da franqueza, tudo pelo interior está desorganizado, e a culpa não é delas. Ninguém tem o direito de julgá-las incapazes. Podem fazer as promessas mais elásticas. A verdade é que as nossas matutas estão muito mais preparadas que os matutos.
Até a idade de 12 anos, vão à escola, enquanto os meninos arrastam a enxada ou se exercitam, em calçadas ou em bilhares de ponta de rua, para uma vida fácil de malandros. Crescem um pouco, e os ardores da puberdade as levam para os romances amorosos, que lhes corrigem a sintaxe”.
Fonte: “Garranchos, textos inéditos de Graciliano Ramos”, publicado pela Record Mulheres em 2010.
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E foi assim que tudo começou...
Em 2010 elegemos a primeira mulher para presidenta da República.
Agora, em 2014, estamos prestes de reeleger pela primeira vez, essa mesma mulher.