Está-se criando uma nova geração alimentada por uma dieta retórica que inclui a calúnia, o enxovalhamento, a demonização e a intolerância.
No YouTube, o menino de 5 anos, risonho, está sentado à mesa conversando com a mãe, que o filma.
Ele conta uma história. Não uma história infantil. Nada disso.
Ele fala do Lula. “O Lula não faz parte do Brasil”, diz. A mãe ri.
- Ele cortou esse dedo, ele prossegue, segurando o mindinho esquerdo.
- Cortou só pra receber dinheiro?
- Anrrã. Ele comprou um monte de coisas pra ele. Recebeu avião, helicóptero…
No final, ela pergunta:
- E o Brasil, João?
- Ferrou! O Lula pegou tudo!
O garotinho está longe de ser uma exceção. No YouTube há centenas de vídeos de crianças fazendo graça com baixarias desse quilate.
Foi-se o tempo em que papai e mamãe ficavam orgulhosos de exibir para os parentes no Natal o talento do rebento em cantar, imitar um personagem de Toy Story ou algo que o valha.
*****
Kiko Nogueira/DCM