Donzela, Boa Intenção, Brinquedo dos Meninos, Caridade...
Você deve estar se perguntando qual a relação entre os nomes do título deste artigo?
Resposta: Não há páginas da história da escravidão que não nos envergonhe.
O site Medium nos apresenta esta relação - ainda pouco abordada, que trata dos dissimulados nomes que os donos das embarcações davam as seus infernos flutuantes, os navios negreiros - ou navios "tumbeiros", que vem de tumba, sinônimo de caixão.
"As histórias desses barcos de nomes revoltantes estão expostas no mais amplo estudo do comércio transatlântico de seres humanos, iniciado ainda na década de 1960, e reunido pela Universidade de Emory (EUA), no site slavevoyages.org. É partir desta pesquisa que reunimos aqui uma lista com alguns dos mais nojentos nomes encontrados, revela Wilson Prudente, que é relator da Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB do Rio de Janeiro e um dos brasileiros descendentes de escravos mais engajados em recuperar a história do povo de seus antepassados africanos. Ele garante que os abjetos nomes desses barcos não eram por acaso.
Daniel Domingues da Silva faz parte da equipe responsável pela pesquisa. Ele garante que a escolha dos nomes era feita pelo dono do barco - nunca por seu capitão. Daniel, no entanto, ressalta que havia, entre muitos comerciantes de escravos, uma crença doentia de que eles estavam fazendo "um bem para os escravos".
- Eles pensavam que estavam ajudando a resgatar a alma dos africanos para o reino de Deus, ou seja, trazendo eles de uma terra onde o paganismo imperava para a cristandade".
Após ler todo o artigo completo, resolvi compartilhá-lo aqui no Travessia. E por ser muito grande - mas não do tamanho que o tema exige, também resolvi dividi-lo em oito partes. Caso desejem, podem ler o artigo completo aqui.
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8. Regeneradora
Três embarcações sob esse nome (1823 a 1825)
Bandeiras: Portugal/Brasil
Tipo de embarcação: escuna, brigue e corveta
Travessias realizadas: 7
Tempo da travessia (média): 30 dias
Escravos transportados: 1.959
Escravos mortos durante a viagem: 159
Escravos desembarcados no Brasil: 1.800
Das sete viagens, quatro estão registradas sob comando de Bento José Francisco Fortes, o que pode indicar que ele trocava de barco, mas mantinha seu registro de nome mentiroso. Pesquisas a história de Bento José indicam que ele era também um comerciante de farinha, feijão e fumo para o sul do país. Em três anos, foram oito pernas Atlânticas para o capitão, que, só sob seu comando, foi responsável por arrancar 1.036 pessoas de sua terra natal para servir a outros na América.
Nas primeiras duas viagens das Regeneradoras, o roteiro era de ida e volta: Pernambuco - Luanda - Pernambuco. A partir da terceira viagem, a segunda do capitão Bento José, o tour aumentou: Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, despejando seres humanos ao longo da costa do Brasil recém independente.