Donzela, Boa Intenção, Brinquedo dos Meninos, Caridade...
Você deve estar se perguntando qual a relação entre os nomes do título deste artigo?
Resposta: Não há páginas da história da escravidão que não nos envergonhe.
O site Medium nos apresenta esta relação - ainda pouco abordada, que trata dos dissimulados nomes que os donos das embarcações davam as seus infernos flutuantes, os navios negreiros - ou navios "tumbeiros", que vem de tumba, sinônimo de caixão.
Você deve estar se perguntando qual a relação entre os nomes do título deste artigo?
Resposta: Não há páginas da história da escravidão que não nos envergonhe.
O site Medium nos apresenta esta relação - ainda pouco abordada, que trata dos dissimulados nomes que os donos das embarcações davam as seus infernos flutuantes, os navios negreiros - ou navios "tumbeiros", que vem de tumba, sinônimo de caixão.
"As histórias desses barcos de nomes revoltantes estão expostas no mais amplo estudo do comércio transatlântico de seres humanos, iniciado ainda na década de 1960, e reunido pela Universidade de Emory (EUA), no site slavevoyages.org. É partir desta pesquisa que reunimos aqui uma lista com alguns dos mais nojentos nomes encontrados, revela Wilson Prudente, que é relator da Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB do Rio de Janeiro e um dos brasileiros descendentes de escravos mais engajados em recuperar a história do povo de seus antepassados africanos. Ele garante que os abjetos nomes desses barcos não eram por acaso.
Daniel Domingues da Silva faz parte da equipe responsável pela pesquisa. Ele garante que a escolha dos nomes era feita pelo dono do barco - nunca por seu capitão. Daniel, no entanto, ressalta que havia, entre muitos comerciantes de escravos, uma crença doentia de que eles estavam fazendo "um bem para os escravos".
- Eles pensavam que estavam ajudando a resgatar a alma dos africanos para o reino de Deus, ou seja, trazendo eles de uma terra onde o paganismo imperava para a cristandade".
Após ler todo o artigo completo, resolvi compartilhá-lo aqui no Travessia. E por ser muito grande - mas não do tamanho que o tema exige, também resolvi dividi-lo em oito partes. Caso desejem, podem ler o artigo completo aqui.
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5. Feliz Destino
(1818 a 1821)
Bandeira: Portugal
Tipo de embarcação: bergatim
Travessias realizadas: 3
Escravos transportados: 1.139
Escravos mortos durante a viagem: 104
Escravos desembarcados no Brasil: 1.035
Todas as viagens com destino ao nordeste brasileiro.
No estudo da slavevoyage, não há exatidão do porto de destino de todos os barcos que vinham ao Brasil. Muitos recebem registro apenas de uma grande região, mas não seus portos específicos. É o caso de mais um bergatim de nome canalha, o Feliz Destino. Todas as três viagens do barco, recheada de crimes contra a humanidade, estão registradas para desembarcar em Pernambuco, mas isso pode significar outros portos do nordeste brasileiro, como Maceió, Paraíba, sem contar os próprios portos pernambucanos de Recife, Porto de Galinhas e Maria Farinha (a 20km do Recife).
Por suas belezas, bem que o viajante que chegava a essas terras poderia considerar o destino um feliz destino. Não os escravos, é claro. Esses iriam trabalhar sob regime de prisão e tortura, em especial, nos engenhos de açúcar.
O comércio de seres humanos para Pernambuco não foi tão largamente documentado como para Rio de Janeiro e Salvador, mas, o estudo da Universidade de Emory, coloca o porto do Recife como o quinto mais movimentado de todo o mundo no quesito desembarque de escravos.
Como ocorreu com o Feliz Destino, 87,2% dos casos das viagens com destino a Pernambuco também tiveram Pernambuco com o porto de origem da viagem, segundo o estudo Financiamento e Organização do Tráfico de Escravos para Pernambuco no Século XIX (Albuquerque, Versiani e Vergolino). Isso indica que os líderes do comércio de seres humanos na região já eram residentes do nordeste brasileiros — na maioria, portugueses. De todas as viagens do bergatim Feliz Destino, a mais mortal foi a de 1821, conduzida pelo capitão Prudêncio Vital de Lemos.
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Próxima: Feliz Dia dos Pobrezinhos.
5. Feliz Destino
(1818 a 1821)
Bandeira: Portugal
Tipo de embarcação: bergatim
Travessias realizadas: 3
Escravos transportados: 1.139
Escravos mortos durante a viagem: 104
Escravos desembarcados no Brasil: 1.035
Todas as viagens com destino ao nordeste brasileiro.
No estudo da slavevoyage, não há exatidão do porto de destino de todos os barcos que vinham ao Brasil. Muitos recebem registro apenas de uma grande região, mas não seus portos específicos. É o caso de mais um bergatim de nome canalha, o Feliz Destino. Todas as três viagens do barco, recheada de crimes contra a humanidade, estão registradas para desembarcar em Pernambuco, mas isso pode significar outros portos do nordeste brasileiro, como Maceió, Paraíba, sem contar os próprios portos pernambucanos de Recife, Porto de Galinhas e Maria Farinha (a 20km do Recife).
Por suas belezas, bem que o viajante que chegava a essas terras poderia considerar o destino um feliz destino. Não os escravos, é claro. Esses iriam trabalhar sob regime de prisão e tortura, em especial, nos engenhos de açúcar.
O comércio de seres humanos para Pernambuco não foi tão largamente documentado como para Rio de Janeiro e Salvador, mas, o estudo da Universidade de Emory, coloca o porto do Recife como o quinto mais movimentado de todo o mundo no quesito desembarque de escravos.
Como ocorreu com o Feliz Destino, 87,2% dos casos das viagens com destino a Pernambuco também tiveram Pernambuco com o porto de origem da viagem, segundo o estudo Financiamento e Organização do Tráfico de Escravos para Pernambuco no Século XIX (Albuquerque, Versiani e Vergolino). Isso indica que os líderes do comércio de seres humanos na região já eram residentes do nordeste brasileiros — na maioria, portugueses. De todas as viagens do bergatim Feliz Destino, a mais mortal foi a de 1821, conduzida pelo capitão Prudêncio Vital de Lemos.
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Próxima: Feliz Dia dos Pobrezinhos.