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''Todos somos coringa''

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O filme com esse nome, Coringa, é uma denúncia vigorosa a essa sociedade excludente e fica ali, sem abrir perspectivas. Serve para fazer pensar. Daí sua importância. Mas não vai além do destrutivo. 

Deixa o desafio: como entrar em diálogo com esse número enorme de coringas que ocupam nossas cidades

Créditos da foto: (Reprodução)
Pelo mundo afora, na Bolívia, Líbano, Hong Kong, Chile, multidões se maquiam com a máscara de palhaço de um comediante fracassado, Arthur Fleck, excluído e solitário, símbolo do esquecimento que o faz enlouquecer e tornar-se um anti-social agressivo nas ruas de Gotham City (Nova York).

Esses milhões que saem à rua pelo mundo afora se identificam com o personagem

Coringa e usam sua máscara. São parte de uma sociedade que os marginaliza e se tornam então elementos destrutivos e sem horizontes. 

Sua situação é real, os "condenados da terra" (Frantz Fanon), sua rebeldia anarquicamente sem propósitos, a não ser protestar e destruir. Com isso podem ser usados pelo poder, pois não representam um desafio social ou político concreto, apenas uma rebeldia anônima e desorientada a ser enfrentada violentamente pelas forças da "ordem".

O filme com esse nome, Coringa, é uma denúncia vigorosa a essa sociedade excludente e fica ali, sem abrir perspectivas. Serve para fazer pensar. Daí sua importância. Mas não vai além do destrutivo. Deixa o desafio: como entrar em diálogo com esse número enorme de coringas que ocupam nossas cidades.

O desafio para as forças progressistas é, então, partir de uma situação anti-social real e trágica. Dali haveria de descobrir perspectivas concretas de superação de um sistema cruel, ele sim, estruturalmente violento. Seria fundamental dar um sentido construtivo a uma rebeldia sem horizontes. Isso só será possível, para começar, entrando em sintonia profunda com esse protesto verdadeiro e cego e abrir logo perspectivas sociais e políticas subversivas para os milhões de coringas marginalizados. 

Seria importante desenvolver uma pedagogia de diálogo a partir da exclusão e tentar fazer cidadãos inclusivos os que até então são postos á margem pelo sistema, este último nas mãos de uma minoria poderosa e egoísta de privilegiados.

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Frei Betto: Fidel e a Religião

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A invasão de Cuba pela Baía dos Porcos, em 1961, patrocinada por Washington, induziu Cuba a estreitar seus vínculos com a União Soviética, em tempos da bipolaridade criada pela Guerra Fria. Fidel sempre se manifestou agradecido à solidariedade soviética. No entanto, soube preservar a soberania cubana frente à ingerência dos russos. Embora o ateísmo tenha sido adotado por um período no sistema de ensino do país, e como condição de ingresso no Partido Comunista de Cuba, jamais o governo revolucionário fechou uma única igreja ou fuzilou um padre ou pastor, apesar do envolvimento de alguns em graves atentados contrarrevolucionários.

Ao contrário, em suas viagens ao exterior, Fidel fazia questão de abrir espaço em sua agenda para encontros com líderes religiosos. Compreendia a importância da natureza religiosa do povo latino-americano e o seu caráter estratégico.

Impactado pela participação dos cristãos no processo sandinista, e pela emergência da Teologia da Libertação, Fidel reverteu a tradição comunista, tão crítica e arredia ao fenômeno religioso. Surpreendeu a esquerda mundial ao se referir positivamente à religião, destacando seus aspectos libertadores, na entrevista que me concedeu em 1985, contida no livro “Fidel e a religião” (São Paulo, Fontanar, 2016).

Fidel não temia a crítica e não se furtava à autocrítica. Por diversas ocasiões, em momentos cruciais da Revolução, convocou o povo a se manifestar livremente em campanhas de retificação do processo revolucionário. Inclusive em nossas conversas pessoais disse-me um dia que eu não apenas tinha o direito de expressar minhas críticas à Revolução, como também o dever.

Nesse rico legado nos deixado por ele se destaca que não se pode ter a ilusão de aplacar a agressão do tigre apenas arrancando-lhe os dentes. O poder do capitalismo de exercer o domínio imperial e de cooptar muitos que lhe fazem oposição é muito maior do que se supõe. Por isso, aqueles que ainda acreditam que não haverá futuro para a humanidade fora da partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano devem se perguntar por que os EUA, que invadiram o Iraque, o Afeganistão, a Líbia e tantos outros países, não o fizeram em relação à pequena ilha do Caribe, após a fracassada tentativa da Baía dos Porcos. A resposta é uma só: nos outros países, os EUA derrubaram governos. Em Cuba, como no Vietnã, teria que obter o impossível: derrubar um povo. E um povo não se derrota.
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(*) Frei Betto é escritor, autor de “Paraíso perdido – viagens ao mundo socialista” (Rocco), entre outros livros.

Violeta Parra pintou, bordou, espalhou cultura e cantou a liberdade

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AMÉRICA LATINA

Neste 2017 completam-se 100 anos denascimento e 50 anos da morte da artista e incansável pesquisadora da cultura popular chilena, a cantora do humano e do divino.

Yo te conozco bien
Hermana vieja
Norte y sur del país atormentado
(...)
Cántame una canción inolvidable
Una canción que no termine nunca
Una canción no más
Una canción
Es lo que pido
(Nicanor Parra, "Defensa del Violeta")

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Genebra, 1965. Em um programa da TV suíça, a crítica de arte Magdeleine Brumagne pede que Violeta Parra explique uma de suas arpilleras, uma técnica têxtil de raiz popular e também uma forma de expressão, de narrativa do cotidiano. “Estes são os que amam a paz”, responde, mostrando as figuras desenhadas: ela própria, um amigo argentino, uma amiga e uma índia chilenas.

“As flores de cada personagem são suas almas”, prossegue Violeta. Vê-se um fuzil, “que representa a morte”. E ela conta: “Os camponeses no Chile são muito pobres, como o meu avô. E eu não posso permanecer indiferente. Essa situação me incomoda”, afirma, chamando a obra de A Rebelião dos Camponeses.



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por Vitor Nuzzi, da Revista do Brasil

Mais de 400 vítimas da ditadura empresarial-militar uruguaia serão indenizadas

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A ‘Comissão Especial da Lei de Reparação às Vítimas da Atuação Ilegítima do Estado durante a ditadura empresarial-militar uruguaia’ concedeu reparações de caráter econômico a 413 pessoas. Além das compensações econômicas, o órgão aprovou a cobertura com despesas de saúde (assistência psicológica, psiquiátrica, odontológica e farmacêutica) de forma gratuita e vitalícia a 412 pessoas, entre perseguidos e familiares. 

Nicolas Pons, presidente da comissão, explica – em nota publicada no portal da presidência do Uruguai – que as 413 indenizações serão pagas uma única vez, diferentemente da assistência à saúde. Pons diz ainda que até o final de 2016 foram analisados 88% dos pedidos, que neste ano analisarão os demais, e que tiveram direito à concessão de reparações: crianças nascidas em prisões, desaparecidas por mais de 30 dias ou presas junto aos pais por mais de 180 dias, parentes de desaparecidos ou mortos; pessoas que sofreram ferimentos graves por parte de agentes públicos.

Para a professora Ana Maria Estevão, integrante da Comissão da Verdade do ANDES-SN, a medida do Estado Uruguaio, aponta para o fato de que os crimes de lesa humanidade não são prescritíveis e que seus efeitos (consequências) permanecem no tempo, as marcas que ficam no corpo podem até desaparecer, as da alma permanecem para sempre. “A reparação econômica, na forma de indenização, não é suficiente, apesar de necessária. A forma mais simbólica para o Estado burguês entender sua violência é pagando indenizações (mexendo no bolso do Estado e da sociedade como um todo). É exemplar que o Estado Uruguaio se responsabilize também pelo tratamento médico, psicológico, psiquiátrico e farmacêutico para as vitimas de tortura e perseguição. Está aí um bom exemplo a ser seguido pelo Brasil, que ainda reluta em julgar, condenar e punir seus torturadores como o fizeram Argentina, Chile e Uruguai e em criar memoriais, monumentos ou espaços que lembrem os mortos e desaparecidos no período da ditadura militar-empresarial brasileira.” disse Ana.

A ditadura empresarial-militar (1964-1985) fez milhares de vítimas em todo o país, e as marcas deixadas estão presentes até hoje em nossa sociedade. Os efeitos desse período podem ser percebidos em toda a institucionalidade nacional, passando pela universidade e pelo movimento sindical, e pela crescente criminalização dos movimentos sociais, com ações repressoras do braço armado do Estado. Há 16 anos foi criada uma Comissão de Anistia com a intenção de reparar as vítimas da ditadura. Até 2014, somente 40 mil pedidos de indenizações foram aceitos. Em 2012 foi criada a Comissão Nacional da Verdade, com a finalidade de apurar as violações dos direitos humanos que pediu a revisão da Lei da Anistia no Brasil.

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Do ANDES, com informações de Prensa Latina e imagens de RPP Notícias e Ministério da Educação do Uruguai.

Dia internacional dos Direitos Humanos

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Neste sábado, 10 de dezembro, comemora-se o Dia Internacional dos Direitos Humanos. 

A data foi instituída em 1950, dois anos após a Organização das Nações Unidas - ONU adotar a Declaração Universal dos Direitos Humanos como marco legal regulador das relações entre governos e pessoas.

A Declaração Universal tem 30 artigos que descrevem direitos básicos que garantem uma vida digna para os cidadãos: liberdade, educação, saúde, trabalho, cultura, informação, alimentação e moradia adequadas, respeito, não-discriminação, entre outros. Seus princípios inspiraram e estão amplamente disseminados no arcabouço legal dos mais diversos países, assim como em tratados internacionais.

O Dia Internacional dos Direitos Humanos é, portanto, muito mais do que uma data comemorativa. É um dia para relembrar que a garantia efetiva dos direitos humanos a todos os povos e nações requer vigilância constante e participação coletiva. Uma data para reivindicar ações concretas de todos os Estados para o cumprimento dos compromissos assumidos com a garantia dos direitos civis, políticos, sociais e ambientais.

Auditores-Fiscais do Trabalho têm tudo a ver com Direitos Humanos. Nas ações rotineiras garantem direitos fundamentais básicos aos trabalhadores. Direito a salário que garante moradia, alimentação, lazer, educação. Direito a um trabalho digno, decente, com respeito. No resgate de trabalhadores submetidos à escravidão devolvem a condição de liberdade, de dignidade. Ao combaterem o trabalho infantil devolvem crianças e adolescentes à escola, à condição de serem crianças para garantir um futuro melhor.

O olhar dos Auditores-Fiscais do Trabalho sobre as condições degradantes com que se deparam resulta em ações concretas que devolvem cidadania, alertam as pessoas sobre a exploração praticada e para os direitos que têm. Com informação, é possível buscar outras formas de ocupação, ter acesso a programas que oportunizem capacitação e novos postos de trabalho, como o Movimento Ação Integrada.

A defesa dos Direitos Humanos não é subjetividade. Em várias partes do mundo representa um conjunto de ações e políticas públicas que visam diminuir as desigualdades e o preconceito contra minorias. São imprescindíveis, principalmente, nos países em desenvolvimento, como o Brasil, que possuem altos índices de pobreza e analfabetismo, problemas que provocam chagas sociais que os Auditores-Fiscais do Trabalho combatem, como o trabalho infantil e o trabalho escravo.

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Fonte: SINAIT

ONU reconhece a importância da líder indígena Berta Cáceres

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A líder ambientalista hondurenha foi assassinada em março deste ano, em seu país, depois de receber inúmeras ameaças. Berta Cáceres, coordenadora do Conselho Cívico de Popular e Honduras Indígena (COPINH) Organizations, foi morta no início em 3 de março por homens armados que entraram em sua casa, na comunidade de La Esperanza.

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A Organização das Nações Unidas (ONU) concedeu sábado (3/12) o Prêmio Earth - Campeões da Terra à líder indígena hondurenho Berta Cáceres, pelo seu trabalho.

O prêmio é o maior concedido pela Organização das Nações Unidas para os defensores do ambiente.
"Berta Cáceres se recusou a permitir que interesses poderosos violassem os direitos dos pobres e marginalizados e a destruição dos ecossistemas dos quais dependem", disse Erik Solheim, diretor-executivo do Meio Ambiente da ONU.

"Nossa família espera que este prêmio ajude a garantir a maravilhosa memória de Berta, a luta das pessoas que se inspiram nela, e a todos aqueles que lutam pelos direitos ambientais do mundo", disse Roberto Caceres, irmão e ativista que recebeu o prêmio em nome da família.

"Sua abordagem era local, mas a sua causa e sacrifício ressoa em todo o mundo. Ela é uma grande inspiração, e uma grande perda para qualquer um que luta pelos direitos ambientais", disse Solheim em Cancun sul de México, que recebe a 13ª Conferência das Partes (COP13) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) das Nações Unidas.

A morte de Caceres ocorreu após uma série de ameaças que havia recebido por sua luta contra a construção de uma usina hidrelétrica em terras de etnia Lenca indígena, a que pertencia.

O perturbador do sono de Deus

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A última viagem de Colombo.

Em 1992, a República Dominicana terminou de erguer o farol mais descomunal do mundo, tão alto que suas luzes perturbavam o sono de Deus.

O farol foi erguido em homenagem a Cristóvão Colombo, o almirante que inaugurou o turismo europeu no mar do Caribe.

As vésperas da cerimônia, as cinzas de Colombo foram levadas da catedral de São Domingos até o mausoléu construído ao pé do farol.

Enquanto acontecia a mudança das cinzas, faleceu de morte súbita Emma Balaguer, que havia dirigido as obras, e despencou o palco onde o papa de Roma daria a bênção.

Alguns malpensantes confirmaram, assim, que Colombo dá azar...

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Eduardo Galeano,

Os Filhos dos Dias.

Fórum Mundial de Migrações

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Em sua sétima edição, começa amanhã e debate temas sobre migrantes e políticas públicas.

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A questão dos migrantes em situação de vulnerabilidade na América Latina e no mundo, a crise do capitalismo, imigração, gênero, clima, meio ambiente, direitos humanos e moradia são alguns dos temas da sétima edição do Fórum Social Mundial das Migrações (FSMM), que começa nesta quinta-feira (7), em São Paulo. Serão três dias de debates, com participação de 14 palestrantes. As palestras acontecerão na Universidade Zumbi dos Palmares e no Centro Esportivo e de Lazer Tietê, em São Paulo.

Segundo o site do Fórum, os movimentos e organizações sociais que integram o evento poderão “compartilhar experiências, estudos, denúncias e propostas sobre migrações no futuro”. Ainda de acordo com o site, apesar de acontecer em São Paulo, os debates buscam fortalecer políticas públicas em todo o Brasil, na América Latina e também em alguns países do mundo. O evento também conta com atividades culturais, artísticas e culinárias para apresentar a diversidade entre os países.

O ator Wagner Moura divulgou um vídeo em apoio ao FSMM, "Acho que a migração é um dos assuntos mais importantes a serem debatidos no mundo de hoje, especialmente no Brasil".

Tema

A música “Meu lugar”, com participação de artistas brasileiros e imigrantes é a música tema do Fórum e possuí trechos cantados em português, espanhol, árabe e lingala (idioma derivado do bantu, falado na região noroeste da República Democrática do Congo). O objetivo da canção é criar um instrumento que dê voz aos imigrantes, ressaltando também a diversidade cultural e étnica, confira:

O Começo da Vida: "Se mudarmos o começo da história, mudamos a história toda"

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A primeira infância e a construção de uma sociedade mais justa.

O Começo da Vida também mostra o contraste entre o desenvolvimento de crianças que têm todo o conforto e todos os direitos garantidos e o de crianças como Phula, uma menina indiana que cuida sozinha dos irmãos em uma comunidade carente que mora em condições precárias em meio a obras em construção.

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Documentário 'O Começo da Vida', de Estela Renner, investiga a importância dos primeiros anos de vida como a chave para o futuro.

Estela Renner: 'O que nos une é o que desejamos para nossos filhos e o que nos separa é a condição que o ambiente nos dá para proporcionar isso a eles'.

Se mudarmos o começo da história, mudamos a história toda. Esta frase resume o filme O Começo da Vida, documentário de Estela Renner que estreia nesta quinta-feira (5) nos cinemas. Com base nas recentes constatações científicas de que os bebês se desenvolvem a partir da combinação entre a sua carga genética e as relações com as pessoas que os rodeiam, o longa-metragem trata sobre vários temas ligados à primeira infância: a importância do acesso aos direitos básicos, do afeto, das brincadeiras, da quebra dos papeis de gênero, do incentivo à amamentação, a educação para a solidariedade etc.

Estela Renner, que também dirigiu Criança a Alma do Negócio e Muito Além do Peso (disponíveis gratuitamente na plataforma on-line VideoCamp), visitou famílias de diferentes culturas, etnias e classes sociais no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos, no Canadá, na Índia, China, Itália, França e no Quênia para mostrar a importância dos vínculos afetivos nos primeiros anos de vida das pessoas.

Hoje é o Dia das Marujas

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O Dia do Trabalhador/a Doméstico.

Maruja não tinha idade.

De seus anos de antes, nada contava. De seus anos de depois, nada esperava.

Não era bonita, nem feia, nem mais ou menos. 

Caminhava arrastando os pés, empunhando o espanador, ou a vassoura, ou a caçarola.

Acordada, afundava a cabeça entre os ombros.

Dormindo, afundava a cabeça entre os joelhos.

Quando falavam com ela, olhava para o chão, como quem conta formigas.

Havia trabalhado em casas alheias desde que tinha memória.

Nunca havia saído da cidade de Lima.

Fez muita faxina, de casa em casa, e não se achava em nenhuma delas.

Finalmente, encontrou um lugar onde foi tratada como se fosse uma pessoas.

Poucos dias depois, foi-se embora.

O carinho estava virando costume.

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Os Filhos dos Dias,
Eduardo Galeano

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Para Maria,
Uma mulher lutadora e nordestina, que ajudou a construir São Paulo, como tantas outras.


Pemaulk, o mundo que encolhe...

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O dia 21 de fevereiro é o dia das línguas maternas.

A cada duas semanas, morre um idioma.

O mundo diminui quando perde seus humanos dizeres, da mesma forma que encolhe quando perde a diversidade de suas plantas e bichos.

Em 1974, morreu Ángela Loij.

Ángela Loij foi uma das últimas indígenas onas da Terra do Fogo, lá no fim do mundo, e a última que falava a sua língua.

Ângela cantava sozinha, cantava para ninguém, nessa língua que ninguém mais lembrava:

Vou andando pelas pegadas
daqueles que já se foram.
Estou perdida.

Nos tempos idos, os onas adoravam vários deuses.

O seus supremo se chamava Pemaulk.

Pemaulk significa palavra.

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Os Filhos dos Dias
Eduardo Galeano

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Foto: Ángela Loij na capa da revista National Geographic

Finalmente, Tito

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Ministério Público denuncia dois por tortura a Frei Tito.

O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo denunciou dois agentes da ditadura, Homero César Machado e Maurício Lopes Limpa, por tortura contra o dominicano Tito de Alencar Lima, o Frei Tito, em 1970. 

O religioso foi banido do Brasil no ano seguinte, passou pelo Chile e pela Itália, até se fixar na França. Foi ali, em uma cidade do interior, que ele se suicidou, enforcando-se em uma árvore, em 10 de agosto de 1974, a um mês de completar 29 anos.

À época, Homero era capitão de artilharia do Exército e Maurício, capitão de infantaria. Segundo a denúncia, eles chefiavam equipes de interrogatório na Operação Bandeirante (Oban), que resultaria no DOI-Codi. "Além de serem responsáveis por emitir as ordens aos demais agentes da unidade, ambos participaram diretamente das sessões de tortura a que foi submetida a vítima", afirma o Ministério Público.

Tito foi preso em 1969, em operação da polícia paulista contra dominicanos acusados de apoiar Carlos Marighella, líder da Ação Libertadora Nacional (ALN). Depois de passar pelo Deops e pelo Presídio Tiradentes, foi levado para a Oban, onde permaneceu de 17 a 27 de fevereiro de 1970. "Durante esse período, o religioso foi vítima de vários tipos de suplícios físicos e psicológicos para que fornecesse informações sobre membros do clero católico que se solidarizavam com opositores políticos do regime militar", diz o MPF.

Do fogo ao fogo

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No dia 2 de janeiro do ano de 1492 caiu Granada.

Com ela caiu a Espanha muçulmana inteira.

Vitória da Santa Inquisição: Granada havia sido o último reino espanhol onde as mesquitas, as igrejas e as sinagogas conseguiam ser boas vizinhas.

No mesmo ano começou a conquista da América, quando a América ainda era um mistério sem nome.

E nos anos seguintes, em fogueiras distantes, o mesmo fogo queimou os livros muçulmanos, os livros hebraicos e os livros indígenas.

O fogo era o destino das palavras que nasciam no Inferno.

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Os Filhos dos Dias,
Eduardo Galeano.


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Somos Finalista no TOP 100 do TOP BLOG 2015.




O melhor é não ter que deixar de comer para pagar consulta em clínica particular

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Diz a médica camponesa Josiene Costa, brasileira formada em Cuba, no relato da experiência no Programa Mais Médicos, na cidade de Araripina, no interior de Pernambuco.

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Ainda é cedo quando a jovem Josiene Costa inicia a caminhada semanal pela casas da periferia da cidade de Araripina, no sertão pernambucano. O jaleco branco não esconde a função dela, sobretudo, depois dos gritos da meninada: “A doutora chegou”.

Josiene nasceu no Piauí, de família camponesa organizada pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), e abraçou a possibilidade de ir estudar medicina em Cuba em meados de 2008. Formada e de volta ao Brasil, ela atua no Programa Mais Médicos, do governo federal, e conta, nesta entrevista à equipe de comunicação do MPA, um pouco dessa experiência. Além de todos os desafios que já enfrenta – como jovem, nordestina e camponesa –, Josiene agora é médica popular.

– Conte-nos por que escolheu a carreira de medicina. Como surgiu essa oportunidade de estudar em Cuba?

Confesso que nunca tive a perspectiva de seguir essa profissão. Venho de uma família camponesa e sempre estudei em escolas públicas. Entrar em uma universidade não era um sonho fácil de ser realizado, imagine então conseguir um curso de medicina em uma universidade brasileira, onde só os filhos e as filhas da burguesia teriam condições financeiras de fazer o curso e se formar.
Desde 1959, com o triunfo da Revolução, Cuba tem tido alta sensibilidade para a saúde pública. Eles já formaram, ao longo dos anos, mais de 49 mil médicos, dos quais 24.486 são pelo Projeto Elam [Escola Latino-americana de Medicina] que atende 84 nações. Hoje, médicos e médicas cubanos contribuem ativamente em 12 faculdades de medicina, principalmente em países africanos, onde se formam centenas de médicos todos os anos. Fidel Castro Ruz concebeu a criação da Faculdade de Medicina da América Latina (Elam) para formar jovens médicos e a maioria desses estudantes vem de famílias pobres, de baixa renda, em áreas remotas e de organizações sociais de todos os continentes.

– Nesse período em que você morou na ilha, o que mais a impressionou?

Estátua

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José Artigas viveu  lutando, no lombo de um cavalinho pangaré, e dormindo debaixo das estrela.

Enquanto governou suas terras livres, teve como trono um crânio de vaca, e um poncho como único uniforme.

Com a roupa do corpo foi-se embora para o exílio, e morreu na pobreza.

Agora um enorme prócer de bronze nos contempla, montado em brioso corcel, do alto da praça mais importante do Uruguai.

Esse herói vitorioso, emperiquitado para a glória, é idêntico a todas as efígies de todos os próceres militares que o mundo venera.

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Minhas andanças,

Os Filhos dos Dias.
Eduardo Galeano.

E... Tomasa não pagou

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Em 1782, a justiça da cidade de Quito condenou Tomasa Surita a pagar os impostos correspondentes a uns tecidos que ela havia comprado em Guayaquil.

É que apenas os homens tinham autorização legal para comprar ou vender.

- Cobrem do meu marido - disse Tomasa.

A lei nos considera idiotas. E se nós, mulheres, somos idiotas para cobrar, também somos idiotas para pagar.

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Os filhos dos Dias.

O visitante

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Nestes dias do ano 2000, cento e oitenta e nove países firmaram a Declaração do Milênio, e se comprometiam a resolver todos os dramas do mundo.

O único objetivo alcançado não aparecia na lista:conseguiu-se multiplicar a quantidade de especialistas necessários para levar adiante tarefas tão difíceis.

Pelo que ouvi dizer em Santo Domingo, um desses especialistas estavam percorrendo os arredores da cidade quando se deteve diante do galinheiro de Dona Maria de las Mercedes Holmes, e perguntou a ela:

- Se eu disser exatamente quantas galinhas a senhora tem, a senhora me dá uma?

E ligou seu computador tablete com tela touch screen, ativou o GPS, conectou-se através de seu telefone celular 3G com sistema de fotos de satélite e pôs o contador de pixels para funcionar.

- A senhora tem cento e trinta e duas galinhas.

E pegou uma.

Dona Maria de las Mercedes não ficou calada:

- Se eu disser ao senhor qual é o seu trabalho, o senhor me devolve a galinha? Pois então eu digo: o senhor é um especialista internacional. Eu notei porque veio sem ser chamado por ninguém, entrou no galinheiro se pedir licença, me contou uma coisa que eu já sabia e me cobrou por isso.

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Los Hijos de los Días.

Mujica e a mudança do padrão de consumo

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UFRJ, Rio
Pepe Mujica socou-me o estômago

Acabei de comprar meu primeiro iPhone. Usado, modelo antigo, mas iPhone. 

O ex-presidente uruguaio, reunido com milhares de estudantes no Rio, disse a mim, e a todos que o ouviram, para não confundirmos consumo com felicidade. Ele lembrou que, ao imitar os consumidores dos países centrais, estou contribuindo para a desigualdade do meu próprio país

Sempre cultivei certa birra para comprar produtos da Microsoft ou da Apple. Mas, isso não me impediu de ter um notebook HP com Windows, embora saiba da existência do Linux e do Ubuntu. E agora um iPhone. Além de ter um Nike nos pés. E, olhando melhor ao meu redor, podia listar muitos outros exemplos. Fiquei com muita vergonha. Com mais vergonha ainda por me considerar de esquerda. Acho que vou ter de parar de brigar quando for chamado de esquerda caviar.

Gosto muito de, socialmente claro, tomar uma cachaça ou um whisky. A diferença econômica entre os dois é imensa. A cana é produzida no nosso solo, destilada aqui, engarrafada aqui, tudo aqui, fazendo com que todo o fluxo de dinheiro se distribua dentro do Brasil. Quanto ao whisky, podemos imaginar para onde vai nosso dinheiro. Além disso, reclamamos que a grana da Ambev financia o que há de pior na política e bebemos suas cervejas, certo?

Conheço Paris, mas não conheço a Chapada Diamantina. Estou achando meu carro meio velho e pensando em trocá-lo. Não vou dizer a idade dele para você não rir de mim. Também não vou falar sobre os aparelhos quebrados que tenho em casa e que estão encostados porque achei melhor comprar outro.

O crime do jesuíta, Francisco e o dia do cinema boliviano

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Quem é o jesuíta que o papa homenageou na Bolívia.

Era quase meia-noite quando ele foi sequestrado em La Paz. Luis Espinal Camps voltava a pé do cinema e faltava uma quadra para chegar em casa, quando lhe mandaram subir num jipe.

O padre jesuíta aguentou horas de tortura entre pontapés, socos e queimaduras antes de ser morto com mais de 12 tiros num matadouro de gado, conforme registrado na polícia e em relatos na mídia da época.

Quis a história atribulada da América Latina que Espinal e o salvadorenho Dom Oscar Arnulfo Romero fossem mortos com uma diferença de dois dias: o primeiro dia 22 e o segundo em 24 de março de 1980.

“A morte os irmanou”, disse à BBC Xavier Albó, padre jesuíta espanhol e amigo de Espinal. “Quando voltávamos do cemitério, soubemos que a mais de 4 mil quilômetros de distância (em El Salvador) tinham assassinado Oscar Arnulfo Romero. As causas são as mesmas”.

Na quarta-feira, um outro jesuíta, o Papa Francisco, na Bolívia honrou este religioso que chegou de Barcelona no início dos anos 70 para trabalhar em cinema, jornalismo e, no processo, expôs os abusos por parte dos governos militares que se alternavam no poder nesses anos.

E enquanto Romero foi recentemente beatificado, seguidores de Espinal e o Papa usarão a parada em frente às colinas onde seu corpo foi encontrado para ativar o processo que permite que o jesuíta seja reconhecido como um mártir da igreja.

Paralelo com Romero

Uma ovelha negra no poder

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Mujica anuncia viagem ao Brasil, mas não vai passar pelo Senado.

O ex-presidente do Uruguai José Mujica viajará em breve ao Brasil, mas descartou comparecer ao Senado brasileiro, depois de uma polêmica causada por sua recente biografia autorizada.

“Vou ao Brasil e vou a uma conferência com Lula dentro em pouco”, declarou em entrevista ao programa “En Perspectiva”, sem dar detalhes do compromisso.

“Uma ovelha negra no poder”, a biografia autorizada de Mujica e escrita por Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz, lançada em maio passado, narra detalhes sobre uma conversa entre o líder uruguaio e o ex-presidente brasileiro em que Lula afirmou que, durante sua gestão, teve de “lidar com muitas coisas imorais e chantagens (…) e que essa era a única forma de governar o Brasil”.

As declarações relacionadas ao escândalo do Mensalão ganhou repercussão na imprensa brasileira e, em junho, a Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou o pedido do senador Ronaldo Caiado (DEM) para convidar Mujica para falar sobre o tema.

Mujica já havia descartado falar ante o Congresso brasileiro, e nesta quinta-feira reiterou sua posição.

Fonte: Exame

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