Ministério Público denuncia dois por tortura a Frei Tito.
O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo denunciou dois agentes da ditadura, Homero César Machado e Maurício Lopes Limpa, por tortura contra o dominicano Tito de Alencar Lima, o Frei Tito, em 1970.
O religioso foi banido do Brasil no ano seguinte, passou pelo Chile e pela Itália, até se fixar na França. Foi ali, em uma cidade do interior, que ele se suicidou, enforcando-se em uma árvore, em 10 de agosto de 1974, a um mês de completar 29 anos.
À época, Homero era capitão de artilharia do Exército e Maurício, capitão de infantaria. Segundo a denúncia, eles chefiavam equipes de interrogatório na Operação Bandeirante (Oban), que resultaria no DOI-Codi. "Além de serem responsáveis por emitir as ordens aos demais agentes da unidade, ambos participaram diretamente das sessões de tortura a que foi submetida a vítima", afirma o Ministério Público.
Tito foi preso em 1969, em operação da polícia paulista contra dominicanos acusados de apoiar Carlos Marighella, líder da Ação Libertadora Nacional (ALN). Depois de passar pelo Deops e pelo Presídio Tiradentes, foi levado para a Oban, onde permaneceu de 17 a 27 de fevereiro de 1970. "Durante esse período, o religioso foi vítima de vários tipos de suplícios físicos e psicológicos para que fornecesse informações sobre membros do clero católico que se solidarizavam com opositores políticos do regime militar", diz o MPF.