O samba do Rio de Janeiro nasceu na Praça Onze. Por ali os ranchos carnavalescos (precursores das escolas de samba) desfilavam e reverenciavam Tia Ciata
Hoje, quem passa pela Avenida Presidente Vargas (RJ), em seu lugar vê apenas o Espigão da sede da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Quando Dom João VI chegou ao Rio de Janeiro, em 1808, instalou-se na Quinta da Boa Vista. Como muitos membros da corte desejavam morar perto do rei, Dom João mandou construir arruamentos na região pantanosa que ia do Campo de Santana até São Cristóvão.
Nascia assim a “Cidade Nova”. Na área, foi erguida uma praça que ganhou o nome de “Largo do Rocio Pequeno”.
Após a vitória das forças brasileiras sobre a esquadra paraguaia na batalha do Riachuelo, em 11 de junho de 1865, o Largo do Rocio Pequeno foi rebatizado como Praça Onze de Junho. E ficou popularmente conhecido como Praça Onze, até hoje.
Não foi, porém, por causa da nobreza da corte, nem da Guerra do Paraguai, que a Praça Onze entrou para a história da cidade. Foi por ser considerada o berço do samba.
Com a abolição da escravatura e a proclamação da República, a elite que vivia na região da Cidade Nova começou a se mudar para a zona sul do Rio, e o entorno da Praça Onze foi ocupado por fábricas e cortiços habitados por ex-escravos vindos do Vale do Paraíba. Entre os moradores locais, destacava-se a Tia Ciata, mãe de santo em cuja casa a comunidade local se reunia para cantar e dançar os ritmos de origem africana. Nascia ali o samba do Rio de Janeiro. E por ali os ranchos carnavalescos (precursores das escolas de samba) desfilavam e reverenciavam Tia Ciata.
Em 1941, a Praça Onze começou a ser destruída para a construção da Avenida Presidente Vargas, causando grande comoção no mundo do samba. A tristeza daquele momento foi eternizada por Herivelto Martins nos versos de “Praça Onze”.
Os desfiles das escolas de samba foram então transferidos para a Presidente Vargas, com uma passagem pela Av. Antônio Carlos. Em 1984, com a construção do sambódromo na Marquês de Sapucaí, voltaram para perto de seu berço.
Que não estava mais lá.
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Diogo Coelho/RBA