5 X Chico – O Velho e Sua Gente, de Gustavo Spolidoro, Ana Rieper, Camilo Cavalcante, Eduardo Goldenstein e Eduardo Nunes, retrata a fé, as tradições, lendas e a vida dos ribeirinhos.
O longa-metragem dirigido por Gustavo Spolidoro, Ana Rieper, Camilo Cavalcante, Eduardo Goldenstein e Eduardo Nunes viaja pelos cinco estados cortados pelo Velho Chico, desde sua nascente, em Minas Gerais, atravessando a Bahia e Pernambuco, até chegar à sua foz, entre Alagoas e Sergipe.
Além da vida pulsante que acerca o rio, os diretores também retratam a degradação que traz duros impactos ao ecossistema e às comunidades ribeirinhas. “Esse filme-processo significa pra mim um mergulho profundo dentro do rio, da sua gente ribeirinha que tira o sustento das águas e que tem uma relação íntima com a natureza. Uma imersão no homem nordestino que luta para subsistir e não perde a fé, mesmo que não tenha peixe. Que não perde a alegria de viver, mesmo que o mundo diga ‘não’. Que não perde a honestidade, mesmo que ao redor a injustiça reine", declarou Cavalcante na página do filme no Facebook.
O que se vê em quase uma hora e meia é um passeio por meio de uma narrativa poética pelas águas e pela identidade de pessoas que não apenas moram nas bordas do rio, mas cujas vidas dependem e são diretamente influenciadas por ele. As imagens de abertura preparam o espectador para esta emocionante imersão: a doçura da vegetação que ladeia o curso do São Francisco dá lugar a impressionantes imagens subaquáticas, uma espécie de dança dentro de um corpo (ainda) pulsante.
Cada diretor percorreu uma trajetória e contou uma história diferente. Gustavo Spolidoro abre o filme na nascente do São Francisco, em Minas Gerais, e apresenta os carismáticos personagens Moranga e Carlúcio. O primeiro é um pescador e famoso contador de causos mirabolantes em Pirapova. Já Carlúcio, de Januária, descreve sua relação com São Francisco: “O rio quer conversar com a gente. Ele conversa comigo. Olha aí, ó, o rio está chorando. Quem está vendo as lágrimas dele? Ninguém está vendo as lágrimas dele. O rio está querendo sossego. O rio não dorme. E ele dormia doze horas da noite, quando o rio parava. Hoje, o rio não para. Além da conta que doze horas da noite é a hora dos mortos, a hora que o rio para para aquelas pessoas que já morreram no rio. Agora, como que o rio vai parar? Muita embarcação, muitas pessoas pescando, muitas pessoas explorando o rio porque esse rio é um pai e uma mãe pra gente.”
Camilo Cavalcanti percorre o São Francisco pelo estado de Pernambuco e apresenta Nilson, Dona Maria e seus filhos. Aqui, o espectador se depara com uma impressionante igreja que fica dentro do rio, onde os fiéis entram de barco para acender velas, que queimam em castiçais que boiam.
Eduardo Goldenstein homenageia o estado do Sergipe por meio da história de Cícero, um personagem nascido e criado no município de Entremontes. O cangaço é sua fonte de inspiração e de renda, já que trabalha apresentando aos turistas os locais por onde passaram Lampião e seu bando.
Eduardo Nunes encerra o documentário no trecho em Piaçabuçu, onde o rio encontra o mar, no estado do Alagoas. O desfecho conta a história de seu Heleno, um homem que sempre tirou do rio o sustento e que por ele nutre um respeito profundo como águas do São Francisco.
Em 50 dias de viagem e com uma equipe fixa de apenas sete pessoas, o longa produzido por Izabella Faya apresenta ao espectador histórias que compõem uma colorida colcha de retalhos de um Brasil que não passa na tevê. Com estreia coincidentemente programada para poucos dias depois da tragédia que esparramou milhões de metros cúbicos de lama no Rio Doce, em Minas Gerais, o filme 5 X Chico – O Velho e Sua Gente nos faz lembrar que é preciso zelar pelos nossos rios. Por todos eles.
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Da (((Rede Brasil Atual
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