'Chocolate', dirigido por Roschdy Zem e interpretado por Omar Sy, refaz a trajetória de Rafael Padilla, morto em 1917.
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Chocolate foi a “estrela negra” das artes parisienses durante mais de duas décadas e o primeiro artista negro a ficar famoso na França. Baseado no livro do historiador francês Gérard Noiriel, o longa-metragem Chocolate, que resgata a história do de um escravo que encontra a fama e o esquecimento devido à cor de sua pele, estreia nesta quinta-feira (21) nos cinemas brasileiros.
Interpretado por Omar Sy, astro francês do filme Os Intocáveis, Chocolate foi o personagem mais famoso de Rafael Padilla, que nasceu em Cuba em 1868 e foi vendido como escravo ainda criança. Anos depois, ele consegue fugir e é encontrado nas docas por um palhaço que o coloca nas suas apresentações. De cativo, a trabalhador rural e mineiro, Rafael conhece o show biz e a glória em números feitos com o seu parceiro, o palhaço George Footit, interpretado pelo suíço James Thierrée, neto de Charlie Chaplin, que, além de ator, é também dançarino, acrobata e músico.
Juntos, eles faziam o público rir explorando estereótipos racistas predominantes na época. Piadas e humilhações impensáveis nos dias de hoje eram até então consideradas absolutamente aceitáveis e engraçadas: a caricatura do negro estúpido, macaco e a ideia de que mereciam apanhar quietos foram durante muito tempo os temas das esquetes feitas por Chocolate e Footit.
Depois se apresentarem para a elite e a burguesia francesa, Rafael começa a refletir sobre os papéis que fazia. “A história de Chocolate me tocou. Nascer escravo, fugir e se tornar um artista é um percurso inacreditável. Imagina a dose de coragem e trabalho que ele precisou ter para chegar lá. Achei igualmente interessante a história de sua chegada ao sucesso e de sua queda. Chocolate fazia rir através dos estereótipos que havia sobre os negros. Quando esses estereótipos começaram a ser questionados pela sociedade, as pessoas não o achavam mais engraçado. Isso foi bom para todas as vítimas de racismo, mas de uma certa forma, foi ruim para ele, e ele caiu no esquecimento.
Assim como Os Intocáveis, protagonizado por Sy e também baseado em uma história real, Chocolate é um filme feito para grandes públicos. Bem dirigido, bem fotografado e com um roteiro bem costurado, o filme acaba deixando uma importante reflexão sobre o presente: “Chocolate conta a história de uma dupla que se encontra, cria junto e que a vida separa. Mas conta também a história da emancipação de um homem – Chocolate – que descobre a vida, se torna um adulto, conhece a maturidade e também certa amargura. O filme também conta a história da França. Sem apontar culpados nem fazer acusações. Chocolate marcou a sua época e foi esquecido. Ele não foi o único, e contar a sua história nos permite conhecer melhor o nosso passado. Sempre achei que conhecer o passado é essencial para compreender o presente”, declara o diretor francês de origem marroquina Roschdy Zem.
A única questão mal resolvida é que os problemas pessoais que Rafael Padilla passa a ter – o alcoolismo e a vida desregrada – acabam pesando tanto quanto o preconceito da sociedade francesa na derrocada do ator rumo ao esquecimento. Ele morreu sem sorrisos, sem aplausos e sem vintém no dia 4 de novembro de 1917, em Bordeaux, na França.
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RBA)))
Interpretado por Omar Sy, astro francês do filme Os Intocáveis, Chocolate foi o personagem mais famoso de Rafael Padilla, que nasceu em Cuba em 1868 e foi vendido como escravo ainda criança. Anos depois, ele consegue fugir e é encontrado nas docas por um palhaço que o coloca nas suas apresentações. De cativo, a trabalhador rural e mineiro, Rafael conhece o show biz e a glória em números feitos com o seu parceiro, o palhaço George Footit, interpretado pelo suíço James Thierrée, neto de Charlie Chaplin, que, além de ator, é também dançarino, acrobata e músico.
Juntos, eles faziam o público rir explorando estereótipos racistas predominantes na época. Piadas e humilhações impensáveis nos dias de hoje eram até então consideradas absolutamente aceitáveis e engraçadas: a caricatura do negro estúpido, macaco e a ideia de que mereciam apanhar quietos foram durante muito tempo os temas das esquetes feitas por Chocolate e Footit.
Depois se apresentarem para a elite e a burguesia francesa, Rafael começa a refletir sobre os papéis que fazia. “A história de Chocolate me tocou. Nascer escravo, fugir e se tornar um artista é um percurso inacreditável. Imagina a dose de coragem e trabalho que ele precisou ter para chegar lá. Achei igualmente interessante a história de sua chegada ao sucesso e de sua queda. Chocolate fazia rir através dos estereótipos que havia sobre os negros. Quando esses estereótipos começaram a ser questionados pela sociedade, as pessoas não o achavam mais engraçado. Isso foi bom para todas as vítimas de racismo, mas de uma certa forma, foi ruim para ele, e ele caiu no esquecimento.
Assim como Os Intocáveis, protagonizado por Sy e também baseado em uma história real, Chocolate é um filme feito para grandes públicos. Bem dirigido, bem fotografado e com um roteiro bem costurado, o filme acaba deixando uma importante reflexão sobre o presente: “Chocolate conta a história de uma dupla que se encontra, cria junto e que a vida separa. Mas conta também a história da emancipação de um homem – Chocolate – que descobre a vida, se torna um adulto, conhece a maturidade e também certa amargura. O filme também conta a história da França. Sem apontar culpados nem fazer acusações. Chocolate marcou a sua época e foi esquecido. Ele não foi o único, e contar a sua história nos permite conhecer melhor o nosso passado. Sempre achei que conhecer o passado é essencial para compreender o presente”, declara o diretor francês de origem marroquina Roschdy Zem.
A única questão mal resolvida é que os problemas pessoais que Rafael Padilla passa a ter – o alcoolismo e a vida desregrada – acabam pesando tanto quanto o preconceito da sociedade francesa na derrocada do ator rumo ao esquecimento. Ele morreu sem sorrisos, sem aplausos e sem vintém no dia 4 de novembro de 1917, em Bordeaux, na França.
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