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Para o pastor Ariovaldo Ramos, a mídia brasileira é uma 'escola de fake news'

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Integrante de comunidade evangélica defende Estado laico e critica uso da religião como instrumento para “ganhos particulares”. Ele vê o racismo como “a maior agressão que se pode fazer a Deus”.

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O pastor evangélico Ariovaldo Ramos, convidado de Juca Kfouri no programa Entre Vistas, às 21h desta terça-feira (3), na TVT, é voz pouco usual no meio religioso televisivo. Aliás, Ariovaldo é absolutamente contrário a que instituições religiosas usufruam de concessões de rádio ou televisão. “Uma concessão pública, como a que a Record tem, me parece que só é possível numa perda total da noção da laicidade do Estado”, diz, lembrando que cabe ao Estado a outorga de concessões.

“Todos os meios de comunicação precisam construir um código de ética, baseado na laicidade do Estado e no direito que o cidadão tem à informação”, ensina o pastor. Com a simplicidade de uma tese só, o religioso acerta em três alvos.

Ariovaldo, Juca Kfouri, Juliana Gonçalves e a mãe de santo Graça de Oyá

Nos fundamentalistas que abundam na mídia, usando-a como meio de convencimento de que sua religião ou tese política é melhor do que as outras. Em políticos e funcionários públicos que se escoram em suposta religiosidade para fazer com que o Estado (poderes executivos, legislativos e judiciários) interfira em leis ou na vida das pessoas. E na imprensa comercial, que desvirtua o direito dos cidadãos à informação.

“A mídia brasileira tem feito escola no sentido de adulterar a verdade e a construir narrativas factoides. Um dia ainda vão estudar a mídia brasileira e ela ainda vai ser apontada com a escola das fake news. Porque é assustador”, diz o teólogo, escritor e conferencista, cada vez mais requisitado por suas posições humanistas. “Você não pode usar o poder para provocar julgamentos. A comunicação é um poder, a informação é um poder.”

Ariovaldo Ramos é integrante da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito. E considera que o “movimento golpista” iniciado em 2015 tem ferido de morte a democracia brasileira. Para ele, a mídia tem muito a ver com isso.

Perguntado sobre o que diferencia sua orientação evangélica das demais, o pastor explica que há uma contradição entre o que apregoam alguns neopentecostais e a origem do protestantismo. O movimento que surgiu justamente com objetivo de descolar Estado e igreja, política e religiosidade, hoje se confunde e volta a querer retirar do Estado a sua vocação para a laicidade.

Pastor da Comunidade Cristã Renovada, Ariovaldo vê boa parte do conservadorismo evangélico conduzido por uma teologia voltada para o individualismo, e não para a construção da unidade humana. “Isso é a perda da visão da Trindade, do Deus como unidade. A única maneira de realmente honrar a criação de Deus é retomar a unidade humana, é retomar a busca pela igualdade, a busca pela distribuição de tudo o que Deus criou de modo que todos usufruam”, acredita.

A jornalista Juliana Gonçalves, do Brasil de Fato, convidada para a entrevista, pergunta sobre o papel do racismo como fenômeno estruturante de produção de desigualdades. Negro, o pastor não tem meias palavras: “Lamento como cristãos se postam como racistas, se não na sua fala, na sua prática. Qualquer sectarismo, qualquer racismo, qualquer situação de exclusão do ser humano é uma negação de Deus. Para nós cristãos, sobretudo protestantes, a imagem de Deus é da unidade humana. Atentar contra a unidade humana é atentar contra a imagem de Deus. O racismo é sem dúvida a maior a agressão que se possa fazer a Deus”.

Também convidada, a mãe de santo Gracinda Maria Aparecida da Silva, ou Mãe Graça de Oyá, quer saber ele vê as religiões de matriz africana, em especial o candomblé. Ariovaldo responde que sua visão do candomblé, como das religiões de matriz africana, está subordinada à visão do direito humano à expressão da sua fé. “Eu reconheço o candomblé como uma religião de resistência, que tem uma história ligada à luta dos escravizados, que ajudou meus antepassados a resistirem à ofensa que era a escravidão. Uma ofensa ao próprio senso de humanidade”, define.

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O programa Entre Vistas pode ser visto no canal digital 44.1 ou pelos canais da TVT no YouTube ou Facebook. Ou aqui, na RBA. Assista a partir das 21h.

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