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Notáveis arrependidos abandonam o barco de Jair Bolsonaro
Celebridades diversas desfilam seu arrependimento, enquanto carregam na testa o inevitável adereço: ‘Eu avisei’
“Arrepender”, ensina o pai dos burros, é vocábulo que data do século XIII. O arrependimento, no entanto, é da cepa da Grécia antiga, onde o vocábulo “metanoia” já dava conta de certas conversões, mudanças de rumo e de atitude que fatalmente levariam à evolução.
A botar palavra na boca de João Batista, reza a Bíblia que o pregador da Judeia teria dito o seguinte: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho”. Com suas conjugações verbais um tanto anacrônicas, o próprio Jesus deu o alerta: “Se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis”.
E 2019 anos depois, arrepender-se é a última moda no Brasil. Celebridades diversas desfilam seu arrependimento, enquanto carregam na testa o inevitável adereço: “Eu avisei”.
Um historiador radialista, uma apresentadora de televisão, dois cantores, um cineasta, dois atores (um pornô), um jornalista, dois deputados, além do Tio Rei. Tais personagens encontravam-se até outro dia embarcados no Titanic de um golpe de Estado, a vergar o esporte fino da CBF e bailar a musiquinha do impeachment: “Fora Dilma, fora Lula, fora PT”.
À louvável exceção do último, só perceberam a aproximação do iceberg quando se deram conta de que a aventura deu no que deu: sob Bolsonaro, o transatlântico transmutou-se numa nau de loucos.
Com a economia em maré seca, os ratos optaram por abandonar o navio. Execrados como “comunistas” pelos que seguem a bordo, são bem-vindos do lado de cá, embora o comunismo já tenha sido mais bem frequentado.
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