Na primeira noite eles se aproximam
e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite,
já não se escondem,
pisam nas flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada
Até que um dia, o mais frágil deles,
entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e,
conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada”.
(1893-1930)
Brecht
Primeiro levaram os negros.
Mas não me importei com isso,
Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso,
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis.
Mas não me importei com isso,
Porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados.
Mas como tenho meu emprego,
Também não me importei.
Agora estão me levando.
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém.
Ninguém se importa comigo.
(1898-1956)