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Joaquina Lapinha e o conveniente cosmético europeu
Publicado por Beth Muniz
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Para negar ou esconder o seu preconceito, você pode usar maquiagem.
Mas se alma não estiver lavada, de nada adiantará a máscara.
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Joaquina Lapinha começou a atuar no Rio de Janeiro na década de 80 do século XVIII, embora tenha nascido em Minas Gerais, conforme registro de 1859 do jornal O Espelho.
Apresentou-se em várias cidades portuguesas de 1791 a 1805. A edição de 16 de janeiro de 1795 da Gazeta de Lisboa chegou a citar que "Joaquina Mara da Conceição Lapinha, natural do Brasil, onde se fizeram famosos os seus talentos musicais, que já têm sido admirados pelos melhores avaliadores desta capital".
Em 6 de fevereiro de 1795, a mesma publicação fez uma crítica mais elogiosa ao registrar que plateias europeias teriam ficado deslumbradas com a capacidade artística da cantora lírica.
Não existem retratos ou uma imagem real conhecida da cantora, mas Joaquina Lapinha era negra e isso acrescentava mais desafios à carreira dela pelo contexto racista.
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Sua voz de soprano, capaz de dar cor a cada sílaba, havia despertado ovações no Rio de Janeiro.
Pouco depois, no final do século XVIII, Joaquina Lapinha foi a primeira cantora brasileira a conquistar a Europa.
Carl Ruders, um viajante sueco apreciador de óperas, escutou-a no ano de 1800, num teatro de Lisboa, e elogiou, entusiasmado, sua boa voz, sua figura imponente e seu grande sentimento dramático.
-Lamentavelmente, Joaquina tem a pele escura, avisou Ruders, mas, este inconveniente pode ser remediado com cosmético.
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3 comentários:
Bom dia, amiga.
Muito interessante,porque ela viveu durante o periodo da escravatura e mesmo assim conseguiu, cantar, ser reconhecida, etc..
Beth, é cultura rsrsr
Bjs
Verdade...
Lucia, muito bem lembrado!
Belo complemento.
Valeu amiga.
Beijo.
Fazer sucesso naquelas épocas tão dificeis, onde a cor era uma barreira somente alguem muito especial. Vivas a essa grande mulher, não sabemos do seu rosto, mas sabemos da grandeza de sua alma que com seu dom não se deixou abater.