Os filhos das nuvens.
Em 1987, o reino do Marrocos terminou a construção do muro que atravessa o deserto do Saara, de norte a sul, em terras que não lhe pertencem. Esse é o muro mais extenso do mundo, superando o China.
Ao longo do muro, milhares de soldados marroquinos fecham a passagem dos saaráuis rumo à sua pátria usurpada.
Várias vezes, todas em vão, as Nações Unidas confirmaram o direito de autodeterminação do povo saaráuis e apoiaram um plebiscito: que a população do Saara ocidental decida o seu destino.
Mas o reino do Marrocos se negou e continua se negando. Essa negativa equivale a uma confissão. Negando o direito ao voto, o Marrocos confessa que roubou o país.
Há quarenta anos, os saaráuis esperam. Estão condenados à pena de angústia perpétua e de perpétua nostalgia.
Eles se chamam filhos das nuvens, porque perseguem desde sempre a chuva.
Também perseguem justiça, mais esquiva que a água mo deserto.
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Os Filhos dos Dias, e das Nuvens