Pôr fim a uma relação amorosa é uma arte tão desafiadora quanto tocar com graça uma flauta.
A covardia nos detém muitas vezes.
Outras vezes, o desfecho é adiado por uma última, ou penúltima, ou antepenúltima, lufada de esperança. E há ocasiões em que nossa ação é impedida apenas por uma inércia para a qual não encontramos e nem buscamos explicação. Sei lá. Talvez nas escolas devesse haver uma disciplina que nos ensinasse a terminar uma história de amor.
Nos ensinam álgebra e geografias remotas nas escolas, mas não nos ensinam coisas básicas da vida, como identificar o final de um caso e agir.
Nós não soubemos acabar.
O fim em geral é claro, apenas a gente finge que não vê. Onde havia antes compreensão e tolerância, ergue-se a impaciência.
Onde havia antes generosidade, ergue-se um rigor por vezes cruel.
Onde havia antes ternura, ergue-se uma crescente grosseria. Onde havia antes disposição para dividir, ergue-se o egoísmo. O que foi amor virou desamor. Os fatos gritam. Mas as pessoas fingem não ouvi-los. Fingem muitas vezes demasiadamente além do aceitável.
E então sofrem bem mais do que o necessário.
Nós não soubemos acabar.
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Fabio Hernandez, é cubano e em sua autodefinição, um "escritor barato".